Codevasf repovoa várzea da Marituba para beneficiar pesca artesanal

Foto: Assessoria
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A várzea da Marituba do Peixe, localizada entre os municípios alagoanos de Penedo, Piaçabuçu, Feliz Deserto e Coruripe, terá mais um ponto para repovoamento de espécies nativas da bacia hidrográfica do rio São Francisco. Na quarta-feira (7), a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) realizou a inserção de peixes das espécies xira, piau, pacamã e piaba em um novo ponto da várzea próximo aos povoados Marcação, Murici e Ponta da Várzea, ação que irá beneficiar cerca de 300 famílias de pescadores artesanais da região.

Anualmente a Codevasf já realiza pelo menos um peixamento nas lagoas marginais do povoado Marituba do Peixe, na região da várzea, um importante berçário natural para reprodução de espécies nativas do rio São Francisco, também conhecida como “Pantanal Alagoano”. A região integra a área de proteção ambiental (APA) da Marituba do Peixe e recebe ações da Codevasf dentro do Programa de Revitalização da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, a exemplo da elaboração do plano de manejo da APA, do estudo e demarcação do uso do solo e da implantação de módulos sanitários.

O repovoamento atende à solicitação da Associação de Moradores dos Povoados Marcação, Murici e Ponta da Várzea, onde moram diversas famílias de pescadores artesanais. Segundo o presidente da associação, Genildo Gomes, muitos pescadores reclamaram à associação que as lagoas marginais da várzea situadas próximas aos três povoados não possuíam um estoque de peixes grande e variado, se comparadas às lagoas localizadas no povoado Marituba do Peixe, onde anualmente a Codevasf tem realizado peixamentos.

“Os pescadores de nossa região sentiram a falta de peixes como a xira e o piau nas lagoas próximas aos povoados Marcação, Murici e Ponta da Várzea, pois essas espécies somente eram encontradas na Marituba do Peixe. Notamos que lá não faltava esses peixes, pois a Codevasf realiza o repovoamento todos os anos, enquanto que aqui ainda não havia ocorrido um peixamento. Assim, solicitamos o repovoamento nessa região, e queremos que entre no calendário de peixamentos da Codevasf”, destacou Gomes.

A escolha desta época do ano para repovoamento da várzea ocorre, segundo o presidente da associação, por ser o período de cheia das lagoas marginais do chamado “Pantanal Alagoano”. “Decidimos realizar o peixamento em maio porque é o mês em que têm início as chuvas em nossa região, enchendo as lagoas marginais. Com isso, os peixes têm como se desenvolver e se reproduzir, proporcionando pescado para o trabalho dos pescadores”, explicou.

O peixamento foi acompanhado de perto pelos pescadores artesanais das três comunidades. O pescador Airton dos Santos, 42 anos, foi um dos que participaram do repovoamento. Pescador desde os 12 anos, quando acompanhava o pai, ele comemorou a chegada de pescado que traz a sobrevivência de centenas de famílias da várzea. “Minha família sobrevive da pesca e da roça há muitos anos. Pescamos a semana toda e guardamos o pescado para vender no sábado, na feira livre de Penedo. Essa venda é que dá o dinheiro da feira da família”, contou.

Um dos pescadores mais experientes da região, Francisco José dos Santos, 73 anos, pesca desde os 15 anos. Hoje ele está aposentado, mas tem filhos e netos na profissão e vê no repovoamento realizado pela Codevasf a manutenção da renda das famílias que dependem da pesca para sobreviver.

“Esse peixamento é muito importante. Eu já sou estou aposentado e parei de pescar, mas meus filhos estão ai na atividade. Também tenho netos pescadores. Sem esses peixes, nós ficamos sem ter condições de fazer uma feira, pois o pescador sobrevive desse ramo, mesmo que tenha outras atividades. Faz mais de vinte anos que não temos uma enchente aqui, então os peixes não vêm mais. Os peixes que temos aqui ainda hoje são os que a Codevasf insere na Marituba”, contou o experiente pescador.

O técnico em aquicultura da Codevasf, Vinícius Dias, afirmou que o período escolhido para este repovoamento é o ideal “A soltura desses peixes ocorre em momento oportuno, pois a várzea captou uma grande quantidade de água após as chuvas que caíram na região nos últimos dias, e isso possibilitará o crescimento dos alevinos que estão sendo soltos, e sua ramificação, espalhando os peixes por toda a várzea”, afirmou. Segundo ele, a Codevasf deverá continuar o repovoamento desse trecho da várzea com o objetivo de manter a ictiofauna nativa.

A atividade de repovoamento foi acompanhada ainda por outros técnicos do Centro Integrado de Recursos Pesqueiros e Aquicultura de Itiúba, centro tecnológico da Codevasf no qual são produzidos os alevinos para as ações de repovoamento da bacia do rio São Francisco em Alagoas, pelo chefe da Assessoria Regional de Comunicação e Promoção Institucional da Codevasf em Alagoas, engenheiro agrônomo Aníbal Lobo, pela engenheira de pesca Socorro Caraciolo e pelo técnico agrícola Cláudio Régis, ambos da Codevasf, além de pescadores artesanais das comunidades beneficiadas e moradores da região.

Assessoria