Ex-alunos relembram ‘época de ouro’ das escolas históricas de Penedo

Juntas, as unidades Gabino Besouro e Comendador José da Silva Peixoto somam mais de 160 anos e são consideradas marcos na educação dos penedenses

Na sétima reportagem da série especial sobre as escolas históricas da rede estadual, aportaremos em Penedo, para um mergulho na chamada ‘Época de Ouro da Educação’ e para conhecer um pouco mais das unidades Gabino Besouro e Comendador José da Silva Peixoto. Juntas, as duas unidades de ensino somam mais de 160 anos e são consideradas marcos na educação dos penedenses.

Quem vai a Penedo respira conhecimento em cada monumento que encontra pelos becos e ladeiras da cidade histórica, marcada como um dos pontos percorrido por Dom Pedro II, durante os ‘Caminhos do Imperador’.

Além do feito do monarca, os penedenses se orgulham de tantos outros realizados na cidade, como o Festival de Cinema e as belezas naturais banhadas pelo Velho Chico, mas exaltam a ‘Época de Ouro da Educação’.

Fundada em 30 de outubro de 1934, a unidade, que leva o nome do ilustre comendador José da Silva Peixoto, já foi um das principais unidades de ensino da região. O ex-aluno e ex-professor Joaquim Silva Santos, de 67 anos, relembra a época em que esteve na escola.

 

“Foi um dos períodos mais vivos da minha vida. Tínhamos um corpo docente extremamente qualificado na Comendador, que, na época, ainda se chamava Escola Normal Rural de Penedo. Depois de formado vim ensinar na escola. Tínhamos prazer de colocar nossos filhos na rede estadual”, comenta Santos.

Ex-aluna e primeira diretora da unidade, eleita a partir da gestão democrática, Jussara Gomes Pereira, de 61 anos, afirma que aprendeu ali os valores que carrega até os dias de hoje.

 

“Tínhamos muito interesse em aprender. Para se ter uma noção, de 48 alunos que havia na sala, 38 passaram no vestibular naquele ano. Tenho muita saudade dos valores que trabalhávamos na época”, relata a gestora.

A Menina dos Olhos

Fundada em 9 de janeiro de 1931, o então Instituto Gabino Besouro homenageava o marechal penedense que foi deputado e governador por Alagoas, além de grande fomentador da educação no Estado.

Localizada no centro histórico da cidade, a escola estadual, tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), é vista com muito carinho e admiração por quem passa em frente ao prédio, que está sendo reformado pela Secretária de Estado da Educação (Seduc), após 16 anos de espera.

Ex-professora da disciplina de Geografia, Ubaldina Regueira Silva, de 75 anos, comemora a reforma pela qual a unidade está passando e recorda a época em que lecionava aos alunos da rede estadual.

“A escola sempre foi a ‘menina dos olhos’ de Penedo. À época, os professores sentiam muito gosto em ensinar. O ensino era de ótima qualidade e, por isso, matriculei os meus dois filhos na Gabino. Meu recado para os professores de hoje em dia é simples: se empenhem sempre mais e tenham os seus alunos como se fossem seus filhos”, deseja Ubaldina.

Dentre os diversos filhos que passaram por suas bancas, há um que lembra com muito carinho da época em que estudou por lá. Contemporâneo da escola, nascido em dezembro de 1931, Antônio Gomes dos Santos, ou apenas ‘Toinho Pescador’, como gosta de ser chamado, enche os olhos de vida para lembrar da época em que teve a oportunidade de estudar.

 

“Eu tive que interromper meus estudos após concluir o quarto ano, porque meu pai faleceu e eu, por ser filho mais velho, tinha que sustentar a casa. Mas foi na escola que a professora Ligia me ensinou a ter intimidade com as palavras. O governador Silvestre Péricles foi à escola e eu fui escolhido para decorar um poema e recitar para ele. Mesmo nervoso, eu consegui. De lá em diante, tomei gosto e não parei mais”,relembra Antônio Santos.

Estimulado pela professora, Toinho Pescador não desistiu do sonho de ser poeta e, atualmente já conta com três livros de poesia publicados. Entre os vários homenageados pelas linhas, versos e rimas, está a Escola Estadual Gabino Besouro.

Por Lucas leite
Agência Alagoas