A família Peixoto vem convidar para a celebração da “MISSA DA SAUDADE” pelos 10 Anos de Falecimento de sua inesquecível ZURICA GALVÃO PEIXOTO (1914 – 2005), escritora e poeta. A cerimônia será realizada no dia 17 de julho, sexta-feira, às 18 horas, na Igreja Matriz de São João Batista da Lagoa, a mais antiga (1809) da zona sul carioca, situada na Rua Voluntários da Pátria, nº 287, no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro.
Nascida na manhã de 16 de dezembro de 1914, quarta-feira, em um antigo sobrado da Rua Siqueira Campos, na interiorana e histórica cidade de Penedo, nas Alagoas, Zurica era a filha caçula do casal Fernando da Silva Peixoto (1889 – 1980) e Laura Galvão Peixoto (1889 – 1973), e irmã de Danilo Galvão Peixoto (1911 – 1981), Murilo Galvão Peixoto (1912 – 1935) e Perilo Galvão Peixoto (1913 – 2002).
Moradora em Copacabana desde 1937, “a poetisa da saudade” faleceu no começo da noite de 16 de julho de 2005, aos 90 anos, na Clínica Ênio Serra, em Laranjeiras, no Rio de Janeiro. E encarou a morte sem que ninguém estivesse ao seu lado, como a ratificar Miguel de Unamuno (1864 – 1936): “Os homens vivemos juntos, porém cada um morre sozinho e a morte é a suprema solidão”.
Zurica Galvão Peixoto – cuja biografia, fotos e vídeo integram hoje o MUSEU DA PESSOA, em São Paulo, http://www.museudapessoa.net/pt/conteudo/historia/o-mundo-fantastico-de-zurica-peixoto-103942 – foi uma criatura incrível, otimista incurável, sensível, altruísta, apaixonada pela vida. Era religiosa ao extremo, preocupada sempre com o próximo – um “ser solar”, como bem a definiu o jornalista Antonio Castigliola (1951 – 2010). Não casou nem transmitiu a nenhuma criatura o legado de sua bondade. Mas nos deixou uma centena de escritos: redações, crônicas, poesias, pensamentos e orações, que estão sendo publicados postumamente graças à mídia de sua terra natal, Penedo-AL.
“As palavras mais bonitas e sinceras nem sempre nos afloram aos lábios com facilidade. Elas nos escapam e ocultam-se como pedras preciosas no recôndito do nosso coração.” (Fragmento)
“Não sei qual o meu sentimento por ti, relógio! Se te odeio ou se te adoro. Sei apenas que acompanhas todas as nossas sensações, as alegres, as tristes, as boas ou as más. Em teu bater, como que adivinho a tua voz a anunciar as fases da nossa existência, que o mundo gira, gira, e que tudo terá seu fim e que a morte será a maior certeza.” (Francis Querido, 1936, Maceió-AL)
“Como um casarão vazio, abandonado, de onde haviam fugido sonhos e ilusões, minha alma se fechou dentro de si mesma, indiferente ao que se passava em derredor. Mas a sensação que hoje experimento é a de lhe ter aberto as janelas de par em par, permitindo que penetrasse uma rajada de ar puro e renovador. E a luz de um sol magnífico, vivificante e sincero, veio dissipar as névoas de tristezas que me asfixiavam o coração.” (Revelação, 1944, Rio)
“Fugindo do cenário que a tortura, a mulher de hoje, tornando à menina de outrora, vai buscar as bonecas que um dia ficaram esquecidas a um canto. Ela as quer todas novamente, enfeitando seu quarto, distraindo-a, consolando-a…” (Menina e Moça, Penedo-AL)
“Sonhar… como é bom sonhar… / E ainda que seja tão breve a fantasia, / Vale a pena uma alegria, / Mesmo tendo de acordar…” (Sonho de Verão, Rio, 1941)
“Nem sempre a vida tem a mesma diretriz / E assim pode ser boa e pode ser má. / Entrega-te ao Destino que Deus der / E não te preocupes com o que vier. / Tudo é uma questão de sorte, / Ou maneira de pensar… (A Outra Face da Vida, 1940, Rio)
“Como a felicidade está sempre tão longe de nós, distante como a lua cheia de feitiços e de alternativas, resta-nos contemplá-la mesmo a distância e imaginar que, um dia, por milagre, possa ela baixar dos céus e cair em nossos braços já cansados de esperar…” (Divagações ao Luar, Rio)
“Quando me ponho a pensar / Na cruel realidade da vida / Em que tantos vivem sofrendo / Bendigo a ilusão desmedida / Que muito nos faz sonhar. // Ó cruel realidade da vida / Que passou e eu não sei: / Que é da felicidade querida / Que em sonho encontrei?” (Tortura D’Alma)
“Primavera, primavera, / Ai quem dera a vida / Fosse uma eterna primavera / Cheia de sonhos, de ilusões / E de muito amor… (Primavera da Vida, 1939, Rio)
“Ó Lua, Como és linda / Na tua melancolia, / Que traduz mágoa infinda, / Espalhando a nostalgia… // Noite de luar / Que nos faz recordar / Com doçura e esplendor, / Tristeza… Saudade… Poesia… Amor…” (Noite de Luar, 1931, Penedo-AL)
“O meu São Francisco imenso / Era meu bom confidente, / A quem, nas horas calmas do poente, / Cheias de profunda beleza, / Eu vinha contar as minhas mágoas, / Os meus anseios e tristezas. / E, quantas vezes, lágrimas / Pelas faces deixei rolar. // Ah, se as coisas materiais / Pudessem mesmo falar… / Muitas histórias o chalezinho vermelho / Haveria de relatar… (Meu Chalezinho Vermelho, 1940, Rio)
“O mal do brasileiro é comemorar as coisas por antecipação, antes que elas tenham realmente acontecido.” (sobre as competições esportivas e copas do mundo perdidas, Rio)
ZURICA GALVÃO PEIXOTO (*16-12-1914 / +16-07-2005)
Atenciosamente,
Fernando Moura Peixoto (ABI 0952-C)