Theatro 7 de Setembro é atração turística de AL

Teatro feito ao estilo neoclássico, há 130 anos, é o mais antigo do Estado.  Turistas de várias partes do mundo ficam encantados com o prédio.

Teatro conta com térreno, 1º, 2º andar e 3ºandar (Foto: Jonathan Lins/G1)
Teatro conta com térreno, 1º, 2º andar e 3ºandar (Foto: Jonathan Lins/G1)

Sensibilidade e força definem o prédio centenário que foi erguido para dar vida ao primeiro teatro de Alagoas, o 7 de Setembro. Aconteceu na data em que lhe deu o nome, no ano de 1884, quando o município de Penedo, interior do Estado, a 160 km da capital, inaugurou o local que traria arte e entretenimento aos moradores do século XIX.

Os expectadores e até mesmo curiosos que vão ao teatro só para vê-lo de perto percebem facilmente o cheiro de madeira de Ipê e Jatobá que fica exposto junto com a arte neoclássica feita pelo arquiteto Luiz Lucarini, que para época, pensou em detalhes caprichosos.

No local não há eco. A construção foi projetada para que a voz dos atores não permanecessem no ar, o que poderia atrapalhar nas apresentações. Em cima do prédio, na fachada, quatro deusas “guardam” a estrutura: a Euterpe, Deusa da Música; a Calíope, Deusa da Arte; a Melpômene, Deusa da Poesia e a Terpsícore, Deusa da Dança.

Com térreo e mais três andares, o teatro possui 300 lugares para o expectador assistir espetáculos sentados. Como as cadeiras são soltas, o espaço pode acomodar mais assentos. Ao todo, no espaço existem 13 banheiros em pontos estratégicos do prédio histórico.

Mesmo com a estrutura antiga e carente de manutenção, espetáculos ainda são encenados no palco do tetaro mais antigo de Alagoas. No entanto, de acordo com o diretor do 7 de Setembro, Fernando Arthur Martins, houve uma redução no número de apresentações nos últimos 12 meses por conta de uma reforma que deve ser feita através do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Teatro comporta na plateia e nas frisas 300 pessoas sentadas(Foto: Jonathan Lins/G1)
Teatro comporta na plateia e nas frisas 300 pessoas sentadas(Foto: Jonathan Lins/G1)

“Um projeto do Iphan vai reformar vários prédios históricos da cidade. A reforma do Teatro já foi autorizada, mas ainda aguarda para ser executada. Por conta disso, a produção reduziu, mas ainda assim estamos funcionando. Recebemos grupos locais, da capital e também de outros estados. Mas como a oferta caiu, o público também diminuiu”, explica Martins que também é produtor e ator.

Atualmente, o prédio está em condições físicas consideráveis, mas nem sempre foi assim. Na década de 60 o prédio foi fechado e chegou a ficar em situação de ruína. Depois disso foi reformado de forma que a sua originalidade foi mantida. Outra obra para restauração do espaço histórico será realizada pelo Iphan.

“Estamos mantendo o teatro com o pouco de dinheiro que nós temos, bancado pela Secretaria Municipal de Cultura, mas depois da reforma iremos receber mais atrações”, ressalta o diretor Martins.
Para atender aos turistas que visitam a cidade de Penedo, que fica localizada na região do Baixo São Francisco alagoano, o Theatro 7 de Setembro fica aberto de segunda a sexta-feira, em horário comercial. A entrada no espaço é gratuita.

Uma relação com a história
O funcionário mais antigo do local, Luis Egno, trabalha há mais de 18 anos no teatro e possui uma relação singular com o espaço. Em entrevista a reportagem do G1, ele conta com detalhes, como se estivesse vivo naquela época, o jeito que o teatro ganhou forma e até hoje faz sucesso com turistas que vêm de toda parte do mundo.

“Eu ainda me lembro como se fosse ontem, mas foi há 130 anos. O português Manoel de Carvalho Sobrinho era mercador e trazia produtos de Portugal para vender em Penedo. Aqui conheceu uma penedense e casou-se com ela. Mas a cidade não tinha diversão e assim teve a ideia de criar uma filarmônica, mas o grupo ficava de casa em casa pagando aluguel sem ter local fixo”, conta.

“Então Manoel, pediu um pedaço de terra aos franciscanos que lhe deram 12 palmos de terra. Com o terreno, só faltava o prédio. Foi assim que pediu ajuda ao Barão de Penedo, Francisco Inácio de Carvalho Moreira, que gostou da ideia e doou 100 contos de reis para a construção. Era uma fábula em dinheiro para a época. Assim, foi até o arquiteto Luigi Luccarine, que estava de passeio em Maceió, e o contratou para ir à Penedo e fazer a planta”, expõe Egno.

“Para mim, o teatro é o elo que liga a cultura e a cidade. As pessoas vêm aqui e ficam vislumbrados, maravilhadas. Falam: ‘nunca pensei que Penedo tivesse uma grandiosidade dessa’. Ele é um dos 10 teatros mais antigos do país e está aqui, no interior de Alagoas”, completa.

Modelo
O projeto do Theatro 7 de Setembro foi usado pelo arquiteto Lucarini para construir, anos depois, o Teatro Deodoro, em Maceió, que possui, em dimensões maiores, as mesmas características arquitetônicas.

Por: Roberta Cólen
Do G1 AL