Foto: Ministério da Defesa/Reprodução

Promessa contra o crime organizado e o entra-e-sai intenso de drogas, armas e outros tipos de comércio ilegal entre o Brasil e países de fronteira, os veículos aéreos não tripulados, chamados de vants, estão parados há mais de um ano. O projeto dos ‘aviões espiões’ já custou R$ 145 milhões aos cofres públicos, mas nunca foi aplicado em sua totalidade, mas deveria atuar em uma das principais portas de entrada de ilícitos no país: a tríplice fronteira com Paraguai e Bolívia, através de Mato Grosso do Sul.

Contudo, conforme reportagem publicada pelo jornal O Globo, dois destes aviões estão parados desde fevereiro de 2016, parcialmente desmontados, em um hangar no município de São Miguel do Iguaçu, interior do Paraná. Segundo apurou o jornal, os motivos dessa paralisação não é de caráter apenas orçamentário, apesar de ‘caríssimo’, custando R$ 500 milhões ao ano.

Esse dinheiro estaria previsto em lei, mas seu uso falha na execução orçamentária. Em 2016, foram empenhados R$ 28 milhões para o projeto e apenas R$ 3,4 milhões (12%) foram liquidados. Isso faz com que, até então, o governo brasileiro ainda não consiga chegar perto de ganhar a guerra contra o tráfico, que na fronteira entre Paraguai e MS é intensa e resulta, entre incontáveis prejuízos sociais e financeiros, a constantes mortes – algumas delas ‘cinematográficas’.

Vants

Criado em 2009 durante o governo do ex-presidente Lula, o projeto prometia a compra de até 14 vants, construção de quatro bases aéreas fixas e duas móveis e treinar 90 policiais para operar o sistema, com o objetivo de permitir à Polícia Federal colher uma forma moderna de combater o crime transnacional. Sem risco a agentes, já que os veículos não são tripulados, os vants são dotados de câmeras capazes de, sob praticamente qualquer condição de luz, tirar fotos e filmar.

O serviço funcionaria por 24 horas e todos os dias da semana, com transmissões de imagens e dados em tempo real. O uso planejado nunca foi operacional, como apreender um caminhão lotado de cigarros contrabandeados. O objetivo seria, por exemplo, identificar a rota de um desses caminhões, bem como os integrantes da organização criminosa.

Vant que está abandonado em hangar no interior do Paraná. (Foto: Reprodução)

Paralisado

Ainda segundo a reportagem, a PF afirmou que o projeto foi interrompido para ser repensado e para que se adequasse “aos novos avanços tecnológicos em sistemas de imagem, comunicação em tempo real e georreferenciamento”. O principal passo nessa direção ocorreu em agosto do ano passado, quando a direção da polícia criou uma comissão para estudar o que fazer com o projeto.

Contudo, o posicionamento atual da PF contrasta com o de apenas cinco meses atrás, quando, perguntada pelo jornal Correio Braziliense, a PF informou que os vants seriam usados para o monitoramento da Amazônia. A corporação não explicou, na ocasião, que, para isso, teria que comprar um radar meteorológico, equipamento caro e de a PF não dispõe. Sem o equipamento, seria grande a chance de perder o avião. Perguntada na semana passada, a polícia não respondeu se pretende levar adiante a ideia sobre a Amazônia.

A polícia também silenciou sobre outros pontos polêmicos desde que o projeto dos vants começou a sair do papel. Desde agosto de 2016, sem a renovação do contrato, os vants estão sem manutenção. Seguem desmontados parcialmente e os eletrônicos, câmeras eletro-óticas e demais componentes, estão encaixotados. A PF diz que esta é a recomendação técnica pela falta de uso.


Fonte: Topmidianews.com.br