A Associação dos Municípios Alagoanos – AMA publicou uma belíssima matéria jornalística sobre as riquezas das igrejas do município penedense. Confira na íntegra:

Na primeira cidade de Alagoas, cada igreja possui sua própria história, circundada também por mistérios

Fundada por Duarte Coelho de Albuquerque (filho do primeiro donatário da Capitania de Pernambuco), no ano de 1560, assim defendem historiadores alagoanos, Penedo é o retrato do Brasil Colonial. Por onde andar, na área de tombamento feito pelo IPHAN em 1996, pode-se sentir a história e as influências, tanto portuguesa, quanto holandesa ou francesa. Penedo se destaca também pelo ‘Circuito das Igrejas’. São oito no Centro Histórico, sendo uma, usada apenas para velório. Cada templo, traz uma tradição, repleta de mistérios, lendas e muitos fatos.

Na Igreja Nossa Senhora da Corrente, que fica na Praça 12 de Abril, está uma das mais belas igrejas do mundo. Pintada a ouro e erguida por uma família abastada. Nela, apenas convidados podiam participar de suas missas, entre eles um dos mais ilustres, o Imperador D. Pedro II, quando em 1859, esteve em Penedo, participou de uma cerimônia exclusiva.

O templo fica às margens do São Francisco e sua construção durou mais de 30 anos. Nessa Praça, a Família Lemos possuía também dois sobrados, um deles o Paço Imperial que hospedou o Imperador e sua comitiva quando estiveram em terras alagoanas. A Igreja Nossa Senhora da Corrente remete ao poder das famílias. Seu altar-mor é totalmente banhado a ouro e os azulejos que adornam as duas laterais em seu interior vieram de Portugal. A família também era abolicionista, e por tempos usaram a igreja para esconder escravos até que pudessem fugir.

“O piso do templo é inglês e os azulejos laterais vieram de Portugal. Apesar de brancos e abastados, eram abolicionistas. Os escravos fugiam das fazendas e se escondiam dentro da igreja, até que os Lemos pudessem falsificar uma carta de alforria. Ajudando-os ainda a cruzar o Rio São Francisco”, explicou a guia turística Lucineide Cássia, responsável por nos transportar com explicações ao que era o Brasil do Império. Até hoje existem membros da família sepultados dentro da igreja.

Nos mistérios de Penedo, a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos. Esse templo do século XVII foi construído pelos negros libertos. Naquele tempo eles não tinham direito de assistir missa com os brancos. “Seu interior possui duas imagens negras, sendo uma delas a Santa Efigênia, protetora dos negros. A igreja foi erguida pelos negros libertos que trabalhavam à noite. Durante o dia, apesar de libertos, continuavam trabalhando nas fazendas”, acrescentou a guia, lembrando ainda que pode-se perceber um antigo gerador de acetileno de fabricação inglesa, responsável pela iluminação do templo e da Praça Marechal Deodoro.

MAIS HISTÓRIA E MUITAS DESCOBERTAS

Outro museu de arte sacra, se assim podemos chamar é o Complexo Conventual Santa Maria dos Anjos. O templo ocupa um quarteirão inteiro no Centro Histórico. O complexo administrado pela Ordem Terceira de São Francisco possui duas igrejas em seu interior, claustro, aposentos e uma biblioteca com milhares de títulos em diversas línguas, um acervo muito rico. Porém, restrita aos leigos.

Fundado em 1661, atendeu aos pedidos dos habitantes da vila. Tendo o novo convento iniciado a sua construção em 1682 e as obras encerradas em 1694. No século XVIII, o Convento teve sua arquitetura bastante enriquecida. O interior possui talha do século XVIII, em estilo rococó, onde se conserva a tradição da talha barroca do norte de Portugal. E seu altar-mor é pintado com ouro e a nave possui pintura ilusionista.

Durante a última reforma que o complexo sofreu, onde sua entrega à comunidade católica ocorreu em 2017, um achado surpreendeu os arqueólogos e franciscanos. Foi encontrado durante os trabalhos de arqueologia uma cela antes lacrada, usada como prisão eclesiástica. O cubículo com latrina era usado para punir os franciscanos que cometessem algo em desacordo com os ritos seguidos pelo Ordem. Durante as escavações ainda foram encontrados resquícios e utensílios domésticos, e, restos que sugerem o uso de lenha e carvão pelos freis que cumpriram penitência no local.

Penedo é assim, cada lugar, uma história, seja lenda ou história, tudo ajuda a enriquecer o imaginário popular. Penedo viveu tempos de poder e fé, onde a Igreja ostentava o ouro em altares e imagens. Se você gostou do que contamos, isso foi só um pouco que você pode conhecer em Penedo. Então, se junte a nós e faça parte dos mais de 450 anos de história do primeiro núcleo de povoamento de Alagoas, terra de holandeses, portugueses e franceses. Imperador, Conde e presidentes. Conheça e sinta Penedo!

ASCOM PENEDO