Paneleiros: das batidas manipuladas ao silêncio ensurdecedor

Eles agiam de forma orquestrada, manipulada e egoísta. Do alto de suas varandas gourmets, em bairros chiques de várias capitais brasileiras, essa classe de seres altamente domináveis, batiam em suas panelas a fim de chamar atenção do restante da sociedade para derrubar um governo que tinha seus problemas, mas era legítimo e que tinha a intenção, através de sua representante, acertar e levar ao país de volta aos trilhos que andou desde janeiro de 2003.

Obcecados para garantir a queda de Dilma Roussef, os paneleiros vestiam camisa da CBF (entidade atolada em corrupção), e estufavam o peito orgulhosos do feito que para uma grande fatia da sociedade, não passava de descontentamento com as benesses conquistadas por quem estava em sua cozinha, ou pela pessoa que estava sentada ao seu lado em uma viagem de avião. Sem sombra de dúvida, o barulho das panelas foi o som ensurdecedor do impeachment da primeira mulher eleita presidente do Brasil.

Passados alguns poucos anos, esses mesmos paneleiros deparam-se com um governo atolado em corrupção, que tem um presidente que para se segurar no cargo, comprou grande parte de um congresso nacional venal e também corrupto, além de estar circundado de vários escândalos, dentre eles: benefícios concedidos por empresas, prisão de aliados e amigos, prisão de assessores, investigado no STF, suspeito de tentar atrapalhar as investigações da Lava jato, o famoso “pacto”, acusação de recebimento de propina, as malas abarrotadas de dinheiro em Salvador, o conhecidíssimo “bunker”, organização criminosa, o caso Rodrimar, além de outras mazelas. No entanto, os ruidosos paneleiros, não sei por que “cargas d’águas” dormem profundamente em berço esplêndido enquanto o país pega fogo e se descarrila dos rumos conquistados a duras penas nas últimas décadas.

Pesquisando atentamente essa espécie em extinção, descobri o relato em alguns portais de notícias Brasil afora dando conta de uma gama de paneleiros arrependidos, cito como exemplo, a senhora Maisa Pacheco (foto) que afirmou ter sido manipulada pela Rede Globo e arrependida amargamente em entrevista à revista Época do último dia 04, além do senhor Rodolfo Gonçalo, taxista que falou em alto e bom som que se deixou “contaminar” por algumas pessoas que usavam o seu táxi, tem também o relato do funcionário publico Mário Magalhães que falou que o impeachment trouxe mais dificuldades à sua vida, todos esses posicionamentos dados à revista em voga.

Acredito piamente que o arrependimento seja o principal fator que faz com que os famosos paneleiros emudeçam diante de tal descalabro e seu silêncio incomode aos cidadãos que assistiam sem entender tal comportamento.