Givanilson Andrade Menezes, mais conhecido por Zezelo, é um agricultor de Itabaiana (SE) que herdou somente um pedaço de terra do pai e que, de 6 anos para cá, sua visão empreendedora o transformou em um empresário. Seus negócios prosperam quando ele identificou que poderia atender à demanda de outros produtores por mudas de hortaliças prontas para plantar. Hoje ele comercializa uma linha completa de insumos agrícolas e tem cerca de 200 clientes fiéis que, como ele, cultiva as plantações em lotes do Perímetro Irrigado da Ribeira, recebendo água de irrigação e assistência técnica da Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro).

Os produtores do perímetro atendem diariamente, com envio de comboios de caminhões carregados de vegetais folhosos, os mercados das capitais sergipana e baiana. E Zezelo também quis investir nas hortaliças logo de início. Foi quando ele notou que nessas plantações, de ciclos bem curtos, a reposição das plantas era constante e que o replantio direto nos canteiros dava muita perda de qualidade no produto. “A gente começou plantando alface e exigia muitas mudas, e estava dando muitos problemas plantando as sementes no chão. Aí resolvi botar uma (estufa) para mim, depois ficou a procura crescendo e conforme a demanda, a gente vai esticando…”, conta o produtor.

Em pouco tempo os vizinhos viram o seu sucesso com os viveiros e passaram a encomendar suas mudas. A procura cresceu e conforme a demanda de pedidos, ele foi expandindo o negócio, que sazonalmente tem períodos de maior ou menor produção. “A gente vai pelo tempo, agora está mais pouco, dá umas duas mil bandejas por mês, mas tem época que aumenta. (Aumenta) de agora para frente, vamos pegar o pico de verão, para tentar dobrar os pedidos”, relata o agricultor. Hoje, Zezelo tem seis estufas, totalizando 2.340 m² de área protegida, onde as plantinhas germinam em bandejas de plástico ou isopor para evitar contato com o solo, recebem irrigação constante e têm, com o telado, proteção ao sol, insetos e outros animais.

Presidente da Cohidro, Carlos Fernandes de Melo Neto, em visita aos viveiros de Zezelo constatou a dedicação com que o produtor irrigante tem para com as mudas que comercializa. “É tudo muito bem cuidado pelo Givanilson e os seus dois funcionários. Espantosa é a variedade de plantas que ele tem, desde hortaliças, legumes até as espécies frutíferas. Com esse negócio, ele facilita muito a vida de outros irrigantes que querem fazer o cultivo de hortaliças, mas não tem como investir em uma estufa própria. É uma infraestrutura que relativamente não é barata e exige um conhecimento superior ao de plantar diretamente no lote. Uma parceria que, pelo visto, deu muito certo e todos lucram”, analisa. O gestor informa que é estimado em torno de 5.500 pessoas beneficiadas diretamente pela irrigação pública fornecida pela empresa em Itabaiana.

A grande diversidade de mudas nos viveiros de Givanilson não é aquilo que ele planta e oferece, mas sim parte dos pedidos feitos pelos clientes. Se a encomenda é de plantas com semente disponível no mercado, ele produz e vende. Isso quando não é semente híbrida de segunda geração (F2), colhida pelo agricultor, o que aumenta o leque de espécies e de variedades produzidas nessas estufas. “O nosso carro chefe aqui é a alface, aí entra a couve, cheiro verde, pimentão, tomate e enfim, o que o pessoal pedir a gente faz. A gente pede 30 dias para entregar a muda com qualidade excelente para o campo, tudo semente selecionadas com qualidade. Às vezes o cliente trás semente F2, mas é uma questão do cliente”, argumenta ele, que vende as bandejas com mudas a partir de R$ 8.

Augusto Cesar Rocha Barros, gerente da Ribeira, observa que são vários negócios e postos de trabalho abertos e também supridos pela própria comunidade inserida no perímetro. “Além do Zezelo, que planta em seu lote e produz mudas, existem outros irrigantes que (a partir desta produção garantida pela irrigação da Cohidro) investiram capital para eles mesmos escoarem a própria produção e a dos vizinhos parceiros. Diariamente partem ao menos cinco caminhões para Salvador (BA), para abastecer principalmente o Mercado das Sete Portas e muitas outras ‘mercedinhas’ vão fazer entregas nas feiras de todo estado de Sergipe e mercados públicos de Aracaju (SE)”, informa. Ele acrescenta que hoje são 15 povoados nas adjacências do perímetro, implantado há 31 anos, que prosperaram ou foram criados motivados pela pujança econômica e empregos gerados.

Irrigação pública

O produtor e empresário na produção de mudas, considera que mesmo que não dependesse da água oferecida através da rede de adutoras do perímetro da Ribeira, não haveria mercado para quem vender seu produto. “A água, ela é excelente e a Cohidro é quem dá o suporte. A gente pode até produzir, porque temos reservatório e o gasto aqui é pouco, mas a gente não teria a quem vender. (Se não fosse a Cohidro) não existia, a região não produziria. É tanto que, agora, a gente quer que melhore mais”, deseja Givanilson .

Presidente Carlos Melo visita estufa de Zezelo na Ribeira – Foto Ascom Cohidro

A fala de Zezelo, ao querer melhorias na condição da irrigação na Ribeira, é influenciada pelo panorama vivenciado nos lotes do perímetro irrigado nesse momento, onde obras licitadas através do Programa ‘Águas de Sergipe’, estão modernizando as estrutura de irrigação das lavouras de lá e do Jacarecica I, outro perímetro da Cohidro também instalado em Itabaiana. Segundo João Quintiliano da Fonseca Neto, diretor de Irrigação de Desenvolvimento Agrícola da companhia, essa troca de equipamentos vai trazer um maior equilíbrio hidráulico em todo o perímetro além de uma economia de 60% no uso de água e 50% da energia elétrica consumida pela irrigação, gerando mais sustentabilidade às reservas hídricas e viabilizando a sobrevivência econômica ao serviço público oferecido pelo Governo do Estado.

“A partir de um investimento de R$ 14,3 milhões, financiados pelo Banco Mundial, estamos trocando o sistema de irrigação de todas as lavouras. Eles estão recebendo tudo novo e sem custos: os novos microaspersores, tubulações, válvulas de regulagem de pressão e registros automatizados. Ou seja, um controlador computadorizado vai irrigar as parcelas do lote de maneira uniforme, mudando de uma área para outra quando forem supridas as necessidades da planta da parcela anterior”, esclarece João Fonseca. Ele complementa informando que um total de R$ 33 milhões serão investidos pelo PAS só nas áreas de atuação da Cohidro, melhorando a infraestrutura, oferecendo segurança e adequação ambiental às barragens que abastecem os dois perímetros.

Por Assessoria