Bolsonaro e a ponta do iceberg

O governo Bolsonaro nem bem terminou o período eleitoral e já se depara com uma vasta rede de incertezas e posições dúbias tomadas de forma que deixam margem para a desconfiança do povo brasileiro.

Depois de nomear uma equipe de ministros que, em sua maioria, vive nas raias da justiça com sérios problemas, capitaneada pelo super ministro Paulo Guedes que é investigado pelo MPF – Ministério Público Federal – por suspeita de fraudes em fundos de pensão de estatais; eis que de repente, o brasileiro acorda com o relatório divulgado pelo Controle de Operações de Atividades Financeiras (Coaf) que aponta diversas transações atípicas envolvendo pessoas próximas à família Bolsonaro, inclusive a esposa do presidente eleito Jair Bolsonaro.

Um esquema que envolve o policial militar Fabricio José Carlos de Queiroz assessor do filho de Bolsonaro, Flavio, eleito senador pelo Rio de Janeiro, e sua filha Nathalia Melo de Queiroz que também ocupava cargo como assessora no gabinete do futuro presidente. Até o momento não há, por parte dos Bolsonaros, nenhuma declaração que possa explicar o que realmente aconteceu, e se limitaram a textos confusos e descontextualizados nas redes sociais e entrevistas recheadas de gagueira.

Na verdade o presidente eleito – que sempre se colocou numa posição de super honesto – terá que explicar como um motorista com salário de 8 mil reais consegue movimentar algo em torno de 1,2 milhão de reais, e pior que toda a família de Queiroz acumula assessorias nos gabinetes de Bolsonaro e filhos; qual o valor do empréstimo ao motorista?; Qual o motivo de outros sete assessores do gabinete de Flávio Bolsonaro realizarem constantes transferências para a conta de Fabrício Queiroz? Como alguém que movimenta mais de R$1 milhão, em um único ano, pode precisar de um empréstimo de R$40 mil? Quanto foi movimentado ao longo destes 10 anos nos quais o ex-assessor trabalhou para Flávio Bolsonaro? Quanto já foi depositado na conta da esposa de Jair Bolsonaro ao longo destes anos? Realmente o clã bolsonaro terá que explicar à sociedade brasileira toda essa história tosca que cheira a roubo do erário.

A expectativa agora é sobre o aparecimento do tal motorista para que ele possa explicar a movimentação milionária e o depósito de 24 mil para a conta da futura primeira dama.

Poderia também entrar no mérito da confusão que ronda o PSL ou mesmo as declarações dos filhos do futuro presidente que toda vez que emitem uma opinião acabam derrapando no desconhecimento e atropelando o bom senso, mas isso é o mínimo diante desse escândalo que pode ser “apenas” a ponta do iceberg.

O governo Bolsonaro – até o momento – se mostra confuso, com a cabeça nas nuvens e os pés chafurdados na lama.