Ex-presidente do Flamengo é indiciado

Eduardo Bandeira de Mello vai responder por homicídio com dolo eventual pelas mortes dos 10 atletas no incêndio no Ninho do Urubu

A Polícia Civil do Rio de Janeiro indiciou por homicídio com dolo eventual – quando se assume o risco de matar – o ex-presidente do Flamengo Eduardo Bandeira de Mello e outras sete pessoas pelas mortes de 10 atletas no incêndio no Centro de Treinamento do clube, em fevereiro deste ano.

O inquérito, assinado pelo delegado Márcio Petra, também pede o indiciamento por dolo eventual de engenheiros do Flamengo e da empresa NHJ, responsável pelos contêineres, além de um técnico de refrigeração. Outros três atletas ficaram feridos na ocasião.

G1 entrou em contato com a assessoria de imprensa do Flamengo, mas até a publicação desta reportagem não tinha obtido retorno.

O ex-presidente do Flamengo Eduardo Bandeira de Mello disse que ainda não tinha sido notificado e, por isso, não podia se manifestar.

Na investigação, a polícia observou as seguintes questões:

  • Conhecimento de que diversos atletas da base residiam no contêiner;
  • Estrutura incompatível com a destinação (dormitório);
  • Contêiner com diversas irregularidades estruturais e elétricas;
  • Ausência de reparos dos aparelhos de ar condicionado instalados no contêiner;
  • Ausência de monitor no interior do contêiner;
  • Recusa de assinatura do TAC proposto pelo Ministério Público do Rio de Janeiro para que fosse regularizada a situação precária dos atletas da base do Flamengo;
  • Piora das condições do alojamento dos jogadores da base, inclusive, no que se refere a segurança contra incêndio, assinalada nos autos de uma ação civil movida pelo MPRJ;
  • Descumprimento da ordem de interdição do CT editada pela prefeitura por falta do alvará de funcionamento e do certificado de aprovação do Corpo de Bombeiros;
  • Múltiplas multas impostas pelo município diante do descumprimento da ordem de interdição;
  • Causa entre o cenário exposto e o incêndio.

Em nota, a assessoria do ex-presidente disse que não foi notificado ainda e por isso não tinha como falar sobre o assunto sem o conhecimento total da acusação.

Relembre o caso

No dia do incêndio, os jovens dormiam em um alojamento improvisado com contêineres quando o fogo destruiu a estrutura.

O laudo da Polícia Civil sobre a tragédia aponta que as chamas foram causadas por um curto-circuito em um dos aparelhos de ar-condicionado. O material do revestimento dos módulos permitiu que as labaredas se alastrassem.