‘Governador, para com essa política de atirar’, diz pai de menina morta no Rio

Adegilson Felix e Vanessa Francisco Sales, pais de Ágatha Vitória, falaram pela primeira vez

Adegilson Felix e Vanessa Francisco Sales, pais de Ágatha Vitória, morta durante uma operação policial no Rio de Janeiro, falaram pela primeira vez desde a morte da filha, no fim de semana. Emocionados, eles participaram do programa Encontro com Fátima, nesta terça-feira (24).

Vanessa lembrou do momento em que a filha foi baleada dentro da kombi. Ela tentou descrever os momentos que antecederam o crime.

“Nós subimos [dentro da kombi], e tinham pessoas passando [na rua]. Minha rimã saltou uns metros antes, então, ficaram sete pessoas, desceram uns seis. Desceu quase todo mundo naquele local, acho que erm da mesma família, não sei. Tinham policiais ali porque eles sempre ficam. Aí alguém falou: ‘tem coisa na mala’. Uma pessoa foi abrir a mala, eu botei Ágatha aqui [ao lado dela]  e veio ‘buumm’. Ela falou: ‘mãe, mãe’… Mas não pareceu que era nada. A gente estava abaixada, outras pessoas já tinham se abaixado que vi. E eu tentei chamar ela: ‘vem filha, vem filha’, mas eu não conseguia porque ela parou. Eu pensei que ela estava assustada”, detalhou Vanessa.

“Eu vi um buraco… não estava acreditando no que tava acontecendo na minha vida naquele momento…”, relembra. “Eu não estava acreditando porque minha filha era perfeita, desenhava, estudiosa, era obediente, me obedecia, eu admirava a obediência dela”.

uando perceberam que Ágatha havia sido baleada, eles a levaram rapidamente para a UPA do Alemão e, lá, um policial militar a pegou e a levou correndo ao Hospital Getúlio Vargas, na Penha, onde a menina morreu na madrugada de sábado. “Chegando na porta do hospital pra tirar ela, ela deu dois suspiros… (eu disse) ‘fica com a mamãe, a mamãe tá aqui’. Pegaram ela, correram… a minha lágrima não saia. Não saia lagrima nenhuma. Eu não tava acreditando no que tava acontecendo. O que eu mais temia, do que a gente mais se escondia para não acontecer, aconteceu”, disse, bastante emocionada.

Os pais relembraram que Ágatha também sentia os reflexos da violência em sua vida e queria que isso acabasse.

“Ela dizia: eu queria falar pra eles: para com isso, hoje eu nem fui pra escola, nem fui pra aula de xadrez, nem fui, era o dia do lacnhinho”, relembrou a mãe da menina.

Vanessa lembrou de um dia que teve que se esconder dentro do box do banheiro para conseguir tomar café, por causa dos tiros que aconteciam no bairro.

Por isso, a família estava se planejando para se mudar para uma área que consideravam mais segura dentro do Complexo do Alemão. “A gente estava tentando ter uma vida melhor. o Rio de Janeiro está muito mau. Eu sempre falava: ‘Gilson vamos tentar comprar uma casa lá pra baixo’, mas foi lá justamente onde ocorrreu [a morte de Ágatha]”, lembrou.

Ao vivo, os pais da garota fizerma um apelo direcionado ao governador Wilson Witzel para que a política de segurança do Rio de Janeiro seja revista. “Governador, muda essa política de atirar. Porque o que aconteceu com a minha filha, pode acontecer com outras pessoa também”, Adegilson pediu.

“Nem todo mundo que está de moto, ou de boné ou mochila, ou furadeira na mão… Não é assim, chegar, confundir, achar que é bandido e atirar”, completou.

Fonte: Correio24horas