Motoboys apelam por regulamentação da jornada e melhores condições de trabalho na pandemia
Um movimento nacional, com reflexo em Alagoas, pretende, nesta quarta-feira (1º), chamar a atenção para a precariedade do trabalho dos motoboys que fazem entrega de produtos por meio de aplicativos. A categoria anunciou uma paralisação deste tipo de serviço em todo o País, durante 24 horas, contra as práticas que consideram abusivas e a falta de sensibilidade aos profissionais por parte das prestadoras, sobretudo neste período de pandemia.
No Estado, são aproximadamente 7 mil entregadores nesta condição, sendo 5 mil somente na capital, segundo o presidente do Sindicato dos Motociclistas de Alagoas, Ed Sampaio. Ele diz que a classe cobra a regulamentação da jornada, com aplicação de regras previstas na CLT [Consolidação das Leis Trabalhistas], e mais segurança aos motoboys pela exposição direta ao coronavírus.
“Estes profissionais não têm vínculo empregatício, estão na linha de frente desde o início da pandemia e não recebem nenhum equipamento de proteção, como máscaras e álcool em gel, para a prevenção. Para piorar, quando a quarentena começou, as empresas de aplicativo resolveram baixar os valores das taxas de entrega, afetando diretamente o rendimento dos motoboys. Com isso, muitos estão trabalhando com carga horária de até 12 horas por dia, sem descanso”, destaca o presidente.
O movimento reivindica aumento no valor das corridas, dos pacotes, do valor mínimo por entrega, o fim dos bloqueios e desligamentos indevidos, além do seguro contra roubo, acidente e vida, e o fim do sistema de pontuação e auxílio-pandemia, que incluem equipamentos de proteção individual e licenças médicas.
E reclama da falta de diálogo com as empresas. “Tudo deve ser resolvido via plataforma. Nenhuma tem escritório em Alagoas para solucionar as queixas dos entregadores. Já não basta a falta de vínculo, os profissionais estão correndo sério risco, diário, de contaminação pelo coronavírus. Muitos precisaram se afastar e, como não tem contrato de trabalho, ficam, no mínimo, 14 dias sem faturar”, revela Ed Sampaio.
Ele assegura que o sindicato não é contra as empresas de aplicativo, levando-se em consideração que elas geram postos de trabalho, mas diz que a entidade não pode negligenciar as práticas abusivas.
“As empresas, neste período de pandemia, poderiam compensar os entregadores devido ao grande volume de pedidos. Com a diminuição das taxas, os profissionais estão correndo mais, trabalhando sem intervalo e correm sério risco de se envolver em um acidente de trânsito”, relatou.
O apelo maior da classe, segundo Ed Sampaio, seria por regulamentar o trabalho dos entregadores. Ele cita, como exemplo, os mais de 2.500 trabalhadores motoboys, que são celetistas em Alagoas e beneficiados com convenção coletiva. Formalizados nas empresas, eles recebem um piso de R$ 1.149 pela entrega delivery, mais adicional de periculosidade (30% a mais nos salários) e têm direito a todos os benefícios trabalhistas (férias e FGTS). “É uma conquista do sindicato, e estamos tentando dialogar com os aplicativos, mas temos muitas dificuldades”.