Depois de ameaçar ganhar força na tarde de ontem e superar a marca de US$ 43 mil, o Bitcoin (BTC) engatou uma forte queda durante a madrugada desta sexta-feira (21), perdendo o suporte dos US$ 40 mil e chegando a menos de US$ 38 mil, levando algumas altcoins a caírem dois dígitos.

Às 15h30 (horário de Brasília), a maior criptomoeda do mundo registrava perdas de 10,5% no acumulado de 24 horas, cotada a US$ 38.300. A queda ainda é menor do que a de Ethereum (ETH) e Solana (SOL), por exemplo, que perdem 13,7% e 11,5%, respectivamente, cotadas a US$ 2.781 e US$ 124. Conheça mais sobre o the-bitcoin-traders-app.com/es

O movimento é visto como uma continuação da tendência de fuga de capital para ativos considerados mais seguros, em meio ao receio de que os bancos centrais devem começar a incrementar o ritmo de retomada das taxas de juros, aumentando a atratividade de títulos públicos.

Os criptoativos nesse momento apresentam forte correlação com as ações de tecnologia, que seguem em forte queda nas bolsas americanas nos últimos dias – a Netflix, por exemplo, caiu quase 25%. Em relatório, a casa de análise Delphi Digital avalia que os investidores estão precificando vários aumentos de taxas de juros, o que está impactando significativamente os ativos de risco.

“O assunto da semana é o mais recente salto nos rendimentos dos títulos, principalmente nos títulos do Tesouro dos EUA, já que os investidores continuam se posicionando para um cronograma de aperto monetário acelerado”, diz o relatório.

Para a casa de research, embora o noticiário tenha dado destaque principalmente os os rendimentos nominais, é o recente aumento dos rendimentos reais que importa mais nesse cenário, especialmente para ativos não geradores de renda, como Bitcoin e ouro.

Segundo a equipe de analistas da Levante, parte dessa queda refere-se à desmontagem de posições especulativas. “Essa desalavancagem do mercado ocorreu depois que os investidores ao redor do mundo recalcularam as probabilidades de o Fed elevar os juros ainda em 2022”, explicam.

“Além de apertar a liquidez, as medidas destinam-se a baixar a inflação. E há algum tempo, as criptomoedas vêm funcionando como uma estratégia de hedge contra a inflação. Com menos necessidade de hedge, as posições são desmontadas”, afirma a Levante.

Nesta sexta, a Bloomberg também divulgou um levantamento com economistas, que esperam que os representantes do banco central dos EUA vão sinalizar que elevarão a taxa básica de juros em março, marcando o primeiro aumento em mais de três anos, e que passarão reduzir o balanço patrimonial da instituição logo em seguida.

A maioria dos 45 economistas participantes da pesquisa acredita que o Fed usará o encontro dos dias 25 e 26 de janeiro para comunicar um aumento de 0,25 ponto percentual na taxa de referência para combater as pressões inflacionárias. Dois deles esperam um acréscimo mais substancial, de 0,50 ponto, que seria o maior desde 2000.

Bitcoin pode cair mais?

Para analistas, a chave para a recuperação do Bitcoin é a volta dos investidores institucionais, que vêm realizando lucros desde o último trimestre do ano passado.

“As entradas institucionais ainda não voltaram e, com o suporte de US$ 40 mil do BTC quebrado, o mercado como um todo foi empurrado para baixo”, disse Laurent Kssis, especialista em ETFs e diretor da CEC Capital.

Porém, na opinião dele, a perspectiva de curto prazo é ruim e o preço da criptomoeda deve cair ainda mais, ocasionando possivelmente uma nova onda de liquidações de traders alavancados.

“Ainda há US$ 100 milhões em posições compradas em aberto, metade dos quais na exchange BitMEX, algo que eu não via há algum tempo”, disse Kssis. “Como o BTC caiu da noite para o dia, essas posições compradas com alavancagem devem ser liquidadas, é apenas uma questão de tempo”.

Por: Informoney