No caso do famoso apresentador Fausto Silva, mais conhecido como Faustão, que recentemente passou por um transplante de coração, muitas dúvidas surgiram sobre o destino do órgão antigo e o procedimento de descarte. Neste artigo, vamos explorar o que acontece com os órgãos não saudáveis retirados dos pacientes que recebem transplantes.

Análise de Anatomia Patológica

Após a retirada do órgão afetado, ele é enviado para um exame de análise de anatomia patológica. De acordo com a coordenadora de transplante hepático da Unicamp, Ilka Boin, todos os órgãos retirados são enviados obrigatoriamente para esse exame, que tem como objetivo confirmar a doença de base. Esse processo é realizado de forma imediata e é uma exigência legal.

O professor-doutor do departamento de Patologia da FM-USP e diretor do Svoc, Luiz Fernando Ferraz, explica que durante essa análise, o patologista verifica possíveis alterações externas no órgão, como peso, tamanho e sinais de doenças. Em seguida, o órgão é aberto para que sejam verificadas possíveis alterações e lesões internas. São coletados pequenos fragmentos, de cerca de 1 cm cada, que serão examinados no microscópio.

Armazenamento e Descarte dos Órgãos

Os órgãos analisados são armazenados em recipientes específicos com formol, assim como as amostras examinadas, durante o período necessário para a conclusão do laudo. Esse processo geralmente leva cerca de um mês, podendo variar de acordo com a instituição e a necessidade.

Após esse período, as amostras são guardadas em arquivo. No entanto, o restante do órgão precisa ser descartado seguindo as regras de biossegurança estabelecidas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Seguindo essas diretrizes, os órgãos são individualizados com códigos de barras que identificam o paciente e são encaminhados para a incineração. O destino dos órgãos descartados é o mesmo dado a outros resíduos hospitalares ou membros amputados.

Incineração e Descarte Adequado

O processo de descarte dos órgãos é semelhante ao de uma cremação. Eles são incinerados em temperaturas extremamente elevadas, o que geralmente não gera resíduos. No entanto, caso haja fuligem residual, esse material é encaminhado para aterros específicos destinados ao descarte de lixos hospitalares não infectantes.

Em casos raros em que não há estrutura adequada para a incineração dos órgãos, o descarte pode ser feito por meio de enterro. Nesses casos, os materiais, assim como membros amputados, são armazenados em caixões ou recipientes adequados e seguem as mesmas regras de sepultamento determinadas pelas autoridades locais.

É importante ressaltar que o material descartado sempre pertence ao paciente. As amostras, em especial, não apresentam risco infeccioso e, se solicitadas, podem ser entregues à família, desde que sejam respeitadas as condições e garantias de armazenamento determinadas pela Anvisa.

Uso dos Órgãos para Pesquisa

As famílias também têm a opção de autorizar o uso dos órgãos retirados para pesquisas, desde que atendam às características que serão estudadas. Para isso, é necessária uma autorização específica, e o projeto de pesquisa deve ter sido aprovado por um comitê de ética. Além disso, os familiares precisarão assinar um termo de consentimento livre, no qual sejam esclarecidos a finalidade e o projeto no qual os órgãos serão utilizados.

Estudos Anatômicos em Faculdades

Para estudos anatômicos em faculdades, os órgãos retirados durante as análises patológicas não são tão funcionais. Isso ocorre porque, durante os cortes e a retirada de fragmentos para o laudo, características importantes para o estudo dos alunos são perdidas. Dessa forma, os órgãos doados para ensino geralmente provêm de autópsias, em que são realizados procedimentos mais simples, mantendo suas características preservadas.

Após um transplante, os órgãos não saudáveis retirados dos pacientes são submetidos a exames de anatomia patológica para confirmar a doença de base. Após a análise, os órgãos são armazenados e as amostras são guardadas em arquivo. O descarte dos órgãos é realizado por meio de incineração, seguindo as regras de biossegurança estabelecidas pela Anvisa. As famílias têm a opção de autorizar o uso dos órgãos para pesquisas, desde que atendam aos critérios estabelecidos. Já para estudos anatômicos em faculdades, são utilizados órgãos provenientes de autópsias. O destino final dos órgãos descartados após um transplante é determinado por protocolos rigorosos visando a segurança e a saúde pública.

Faustão, como exemplo recente de um paciente que passou por um transplante de coração, teve seu órgão antigo submetido a esse processo de análise e descarte adequado. O destino final do órgão que o apresentador recebeu é uma questão que levanta curiosidade e que agora está esclarecida.



Fonte: Notícias Concursos