Felipe Lima aproveitou ao máximo uma convocação tardia para estar no UFC em junho, abrindo mão do título peso galo do Oktagon para derrotar Muhammad Naimov em um confronto de peso pena no UFC Arábia Saudita e embolsar um bônus extra de US$ 50 mil.
Agora com camp de verdade, “Jungle Boy” teve tempo adequado para se preparar para sua aparição no octógono e realizar plenamente o sonho de estar no UFC antes do confronto com Miles Johns, no UFC Tampa, sábado à noite.
Nascido em Coari e morando em Manaus desde a adolescência, o prospecto brasileiro dedicou sua vida ao jiu-jitsu antes de mudar seu foco para o MMA em 2015. O jovem talento foi sufocado em sua primeira ida ao jaula, mas não provou derrota desde então.
Com cartel de 7 a 1 e campeão em seu estado natal, Lima decidiu que era hora de buscar cinturões no exterior. Ele solicitou um visto para entrar nos Estados Unidos. Porém, como era de se esperar, foi negado. E quando um amigo comentou que um colega lutador havia adotado uma abordagem diferente e se mudado para a Suécia, Lima decidiu tentar.
“No início não gostei daqui”, disse Lima sobre a vida na Suécia. “Fiquei duas semanas e chorei o tempo todo porque não falava a língua, estava escuro e não tinha amigos. Voltei para o Brasil e três semanas depois disse: ‘Não posso mais ficar no Brasil’ e voltei para a Suécia para construir minha vida aqui.”
A vida em Helsingborg era um tanto deprimente, especialmente para um homem de Manaus que deixava o calor da floresta amazônica para o frio inverno escandinavo.
“O que mais me chocou foi o clima, mas também a escuridão”, disse Lima. “O verão aqui é lindo, mas é diferente quando você não fala a língua. Você não consegue se comunicar com outras pessoas, e essa foi a parte mais difícil daquela temporada.”
Lima venceu Gustavo Oliveira em sua primeira luta na Europa e depois superou Farbod Iran Nezhad no show do Brave CF em Estocolmo, e foi aí que sua carreira deu uma guinada. Lima conheceu naquela semana os treinadores do Allstars Training Center, além do astro do UFC Alexander Gustafsson, e foi convidado para fazer parte da equipe.
“Fiquei com brilho nos olhos olhando para eles porque sou um grande fã de [Allstars jiu-jitsu coach Alan Nascimento] ‘Finfou’, e ele é como um irmão para mim agora”, disse Lima. “A relação que construí com esses caras agora, ‘Finfou’ e Gustafsson… Eles são lendas para mim, e poder dividir os tatames com eles foi uma experiência incrível que me ajudou muito não só na minha carreira , mas também como pessoa.”
Lima disse que “a confiança vem do trabalho duro”, ficando na academia 12 horas por dia durante anos para se tornar o atleta que é hoje, e isso ficará evidente quando ele entrar na jaula no sábado para lutar contra Johns.
“Chapo” Johns, do Kansas, entra na jaula confiante depois de ficar invicto nos últimos quatro sob a bandeira do UFC, culminando com vitórias sobre Cody Gibson e Douglas Silva de Andrade, mas Lima o vê “rígido como um fisiculturista”.
“Ele é muito forte, seu estilo de luta é mais lento. Essa é a diferença entre nós”, disse Lima. “Começo a luta em ritmo acelerado e ele só confia nisso. Meu jogo será me movimentar, bater e sair, e estar preparado para tudo. Ele gosta de derrubar quando está sob pressão, então vamos ver como ele reage à minha velocidade e golpes.”
“Estou feliz que o UFC tenha me dado esta oportunidade”, continuou ele. “Mesmo que não seja um acampamento longo, faltam quatro semanas, estou pronto. Esse cara tem oito lutas no UFC, está com 6-2 no UFC, então é um bom nome para vencer.”