O atual desenho com os constantes requerimentos de urgência favorece o colégio de líderes dos partidos. Esse grupo é quem dá o crivo com maior facilidade sobre quais requerimentos podem ganhar destaque ou não.
Neste ano, o colégio terá poucas mudanças. Isnaldo Bulhões Júnior (AL), líder do MDB mencionado por Lindbergh, por exemplo, poderá ganhar um papel mais relevante em 2025. Ele é alagoano como Lira, mas faz parte da sigla do senador Renan Calheiros (AL), principal rival do presidente da Câmara no Estado. Ele é considerado um nome mais governista no colégio de líderes.
Também tem esse perfil Antônio Brito (BA), líder do PSD, mas tido como uma extensão das ações políticas do presidente da sigla, Gilberto Kassab. O PP manterá Luizinho (RJ) na liderança, que acompanhou o governo nas principais votações da Casa. Há indefinições na liderança do Republicanos, que fará isso em fevereiro, e no União Brasil, que está em crise de ideentidade. Há três nomes disputando o cargo na legenda — um governista, um oposicionista e um de centro.
Há outras arestas para serem aparadas entre os partidos em torno de cargos nas comissões que serão renovadas em fevereiro, o que deverá ser acertado já no começo deste ano.
Do lado da oposição, a meta é destravar o projeto de lei da anistia aos presos do 8 de Janeiro. A proposta estava para ser votada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, até que Lira voltou a tramitação da iniciativa do zero, levando para uma comissão especial, que ainda sequer começou os trabalhos.
Ainda que avance na Câmara, haverá problemas no Senado. A CCJ dessa Casa terá um dos principais governistas na presidência. Otto Alencar (PSD-BA) é aliado do PT no Estado e chegou a substituir Jaques Wagner (PT-BA) em novembro como líder do governo na Casa. Ele teve o nome referendado por Pacheco, por Alcolumbre e pelo próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva na função.
No Senado, o MDB firmou um compromisso com Alcolumbre de avançar com um ‘pacote da democracia’, que reúne projetos de lei feitos em reação a bolsonaristas que negaram o resultado eleitoral. Ainda assim, oposicionistas dizem esperar que a anistia tramite. ‘A Câmara está tratando do tema lá. Passando lá, o Senado vai dar andamento’, disse Marcos Rogério (PL-RO).
O PL não deverá mudar os seus líderes atuais. Mas a aposta dos senadores é que o partido estará mais forte. Com Alcolumbre, o partido terá o primeiro-vice-presidente. Além disso, o partido conta que poderá filiar mais três senadores. A bancada cresceu ao filiar Izalci Lucas (DF), ex-PSDB.
De todo modo, Ciro Nogueira (PP-PI) sinaliza que a oposição pode abrir espaços para o governo na agenda econômica. ‘O Brasil está num momento difícil na parte da economia. Eu faço oposição ao governo, não ao País. Se for coisa importante, vamos aprovar coisas do governo de corte de gastos. Não tem viés de querer atrapalhar o Brasil, não’, afirma.
O PT, por sua vez, terá Rogério Carvalho (SE) como novo líder. Ele tem a expectativa de que o governo crie canais estreitos de diálogo com Alcolumbre. ‘Se tiver interlocutores que façam essa conversa ser mais linear. Se ficar com dificuldade, vai travar’, diz. ‘Depende muito do esforço do governo que tem que fazer, e isso não é abrir mais o que já tem de diálogo. É algo muito mais na forma do que no conteúdo da relação’.”
Fonte: TNH1