O café é uma das bebidas mais amadas do mundo e cerca de de 8,5 bilhões de quilos são consumidos globalmente por ano.
Se você bebe café, provavelmente conhece bem os benefícios que chegam pouco depois dos primeiros goles. Até mesmo o aroma por si só pode começar deixar alguns com mais energia.
No entanto, existe um debate entre os especialistas da área da saúde sobre se o consumo regular de café beneficia ou prejudica quem o consome – especialmente quando se trata da pressão sanguínea e da saúde do coração.
A FSP (Faculdade de Saúde Pública) da USP (Universidade de São Paulo) está investigando os riscos do consumo de café para pacientes hipertensos. Analisando uma série de variáveis como o consumo, dados sociodemográficos, estilo de vida, exames de sangue e pressão arterial de um grupo de 8.780 funcionários públicos, concluiu-se que o consumo de 1 a 3 xícaras de café por dia (consumo considerado moderado) pode diminuir o risco de pressão alta em até 20%.
O estudo colheu dados do ELSA (Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto) Brasil, realizado com 15.105 funcionários de seis órgãos públicos de ensino superior e pesquisa.
Um questionário obteve informações sociodemográficas dos participantes, como idade, sexo, cor da pele, renda familiar per capita e nível educacional, que foram combinados com outras informações sobre o estilo de vida de cada um, como prática de exercícios, consumo de bebida alcoólica, histórico médico da família, consumo de medicamentos e também peso, altura e avaliação dos hábitos alimentares por meio de outro questionário específico.
Os participantes tiveram sua pressão medida e fizeram exames de sangue com enfermeiros treinados. Pessoas que já apresentavam casos de hipertensão, que tinham casos já diagnosticados na família e os que não tinham informações sobre seu consumo de café foram descartados do estudo, deixando um total final de 8.780 pacientes, que foram acompanhados durante quatro anos.
O nível de consumo de café foi definido através de um questionário subdividido em quatro níveis: os que nunca ou quase nunca tomam café, os que tomam menos de uma xícara ao dia, quem toma de uma a três xícaras ao dia e mais de três xícaras ao dia.
Os pesquisadores concluíram que o consumo médio dos participantes é de 150ml por dia ou três xícaras e durante a duração da pesquisa 1.285 participantes desenvolveram hipertensão.
“Dessa forma, foi possível observar uma associação significativa inversa entre o consumo moderado de café e a incidência de hipertensão. Ou seja, comparativamente às pessoas que nunca ou quase nunca tomavam café, o risco de hipertensão foi aproximadamente 20% menor naqueles que ingeriam de uma a três xícaras por dia”, aponta Andreia Miranda, pós-doutoranda da FSP responsável pela pesquisa.
Como o consumo do café está associado ao ato de fumar, os pesquisadores realizaram um nova análise de dados e constatou-se uma menor probabilidade de hipertensão unicamente em pessoas que nunca fumaram e consumiam entre uma e três xícaras de café por dia.
Quanto ao tipo de café consumido, parece não haver dados mas uma pesquisa realizada pelo químico brasileiro Silvio José Valadão Vicente descobriu que o café expresso, aquele que pode ser obtido até mesmo em cafeteira de cápsulas, pode diminuir as chances de câncer.