A tecnologia 5G vem pautando uma guerra comercial entre as grandes potências mundiais. A proposta dos Estados Unidos de criar uma aliança digital global, denominada “Clean Network”, que visa barrar a expansão da China na tecnologia 5G, foi recentemente endossada pelo governo Bolsonaro.
A iniciativa lançada por Donald Trump, derrotado nas eleições presidenciais, recebeu o apoio do Brasil durante uma visita de Keith Krach, subsecretário de Estado de Crescimento Econômico, Energia e Meio Ambiente dos Estados Unidos, que recomendou que o País não adquira equipamentos de redes de comunicação de quinta geração (5G) da Huawei Technologies, empresa chinesa apontada por ele como “a espinha dorsal da vigilância global da China”.
“O Brasil apoia os princípios propostos no Clean Network dos EUA, inclusive na Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE)”, informa um comunicado conjunto EUA-Brasil divulgado depois da reunião de Krach com o secretário de Negociações Bilaterais e Regionais nas Américas, embaixador Pedro Miguel da Costa e Silva, no Palácio do Itamaraty, ocorrida em 10 de novembro último.
A intenção é “promover, no contexto do 5G e outras novas tecnologias, um ambiente seguro, transparente e compatível com os valores democráticos e liberdades fundamentais”, completa o comunicado.
O objetivo do governo americano é que as empresas de telecomunicações brasileiras comprem de fornecedores ocidentais, como Nokia e Ericsson, ao invés da Huawei. Por sua vez, a Huawei negou que sua tecnologia representa riscos à segurança, que cumpre todas as leis brasileiras e está disponível para qualquer teste ou esclarecimento.
Equipamentos da Huawei já estão sendo testados pelas quatro maiores empresas de telecomunicações do Brasil, mesmo antes do leilão de frequências para a rede 5G, previsto para acontecer em 2021. Pela recusa do convite para uma reunião com Krach, programada para acontecer antes do retorno dele aos Estados Unidos, supõe-se que os dirigentes destas operadoras estão relutantes em limitar suas escolhas de livre mercado.
Do que se trata a conexão 5G?
A rede 5G é a próxima geração de conexão móvel que chega para oferecer velocidades de download e upload de dados muito mais rápidas – de acordo com o órgão regulador britânico Ofcom, a nova rede, em seu potencial máximo, será capaz de oferecer velocidade padrão de 20 Gbps por segundo, um ganho significativo se comparada à velocidade do 4G, que é de 1 Gbps por segundo, disponível atualmente para os usuários de smartphones.
Embora muito do que se fala em torno do 5G tenha a ver com velocidade, existem outras vantagens em relação às redes anteriores, como lidar com uma série de dispositivos interconectados de forma quase instantânea. Essa tecnologia suportará o crescimento exponencial da demanda e das expectativas de dados móveis, e será essencial para o sucesso das inovações de diversos setores.
Quais indústrias serão mais beneficiadas com a rede 5G?
Ainda que seja o estágio inicial desta tecnologia de quinta geração, o 5G irá efetivamente alimentar a inovação e aumentar o desempenho em vários setores. Abaixo está uma amostra de indústrias que serão muito beneficiadas com a tecnologia 5G.
Varejo
Todos os sistemas de varejo serão intrinsecamente aprimorados, desde o estoque até a sinalização digital com a introdução da rede 5G. A Internet das Coisas (IoT) se tornará eficaz no espaço de varejo, com itens capazes de fornecer informações sobre os produtos aos clientes. A experiência de compra online também será melhorada por meio de 5G, particularmente pertinente durante este tempo de distanciamento físico, com o aumento da atividade online.
Indústria de entretenimento
O isolamento social resultou em um consumo massivo do streaming para assistir lives, filmes ou vídeos e, principalmente, para os jogos online, e vem aumentando cada vez mais. Nesse sentido, o 5G certamente vai revolucionar o fornecimento de conectividade de qualidade para o entretenimento. Os jogos de cassino online, console ou PC, por exemplo, deverão incorporar elementos como AR (Realidade Aumentada) e VR (Realidade Virtual), e também dependerão cada vez mais de uma internet confiável e acessível.
Saúde
O potencial de inovação por meio da digitalização é enorme no setor de saúde, e isso será acelerado com a introdução da tecnologia 5G. No contexto de países de grande extensão territorial, por exemplo, isso poderia ser particularmente benéfico, pois os cuidados com a saúde por meio de dispositivos móveis permitirão que aqueles em áreas remotas tenham acesso à assistência médica. A tecnologia 5G também aproximará a realidade da cirurgia remota, controlando um par de braços robóticos para executar um procedimento à distância, por exemplo.
Setor financeiro
Com a tecnologia 5G, as transações bancárias serão simplificadas e o setor financeiro poderá melhorar o atendimento aos clientes remotos. Por meio da análise de dados, este setor será capaz de personalizar produtos e serviços para uma melhor experiência geral do cliente.
Hospitalidade
O ressurgimento da indústria do turismo após as restrições de viagens pela pandemia terá um grande impulso por meio do suporte da tecnologia integrada 5G. O aumento da velocidade da Internet permitirá que os visitantes desfrutem de uma experiência digital totalmente imersiva antes de visitar um destino. Depois de fazer o check-in, os turistas podem aproveitar os recursos de hospedagem da IoT para ajustar a temperatura ambiente ou escolher entre as opções de entretenimento do hotel, por exemplo.
Indústria agrícola
Os benefícios da tecnologia 5G não se restringem ao ambiente urbano, mas também otimizarão os processos agrícolas por meio do manejo da água, automação de safras, fertilização e monitoramento da segurança de rebanhos. Isso também permitirá uma melhor previsão da produção agrícola.
5G em teste no Brasil
Embora o leilão para a concessões do 5G no Brasil esteja previsto para acontecer somente no próximo ano, grandes operadoras como a Claro, Vivo e Tim já estão testando a implementação de novas redes móveis com conexões mais rápidas que o 4G convencional.
Por enquanto, este funcionamento só é possível por meio de DSS (sigla em inglês para Compartilhamento Dinâmico de Espectro), que pode ser entendido como um “empréstimo” de faixas de frequência do 3G e 4G, o que significa que as operadoras brasileiras ainda não podem entregar a experiência completa da tecnologia 5G. Deste modo, é possível apenas uma maior velocidade de downloads e de conexão.