Não é de hoje que muitos afirmam que o futuro chegou. Na verdade, chega todos os dias e é cada vez mais impactante. A tecnologia se renova em uma velocidade tal que, muitas vezes, não nos dá tempo de adaptação. Muito em breve, e Brazzino777 sabe disso, o tempo presente será abolido das rotinas, viveremos em um eterno futuro de transformações. O metaverso vai neste sentido.
É bem provável que você, leitor, já tenha reparado no pé de página das redes sociais, Facebook e Instagram a inscrição “Meta”, e quem pensou em metaverso acertou. Em 2021, o Facebook afirmou que em cinco anos se tornaria uma empresa de metaverso o que, além de aguçar a curiosidade de toda a comunidade, lançou luzes sobre o significado de tal expressão.
Grosso modo, podemos dizer que metaverso é uma conjunção entre os ambientes virtual e real, uma imersão da própria realidade no mundo virtual, uma realidade paralela na qual os ambientes se misturam e interagem. Contudo, o conceito parece vago e gera dúvidas, mesmo porque nem se trata de algo assim tão novo. Expressão e conceito nasceu nos anos 1990, na obra cyberpunk “Snow Crash”, de Neal Stephenson. Compreender a ideia do metaverso, passa pela leitura deste livro.
Em “Snow Crash” a ideia central é abordar a interligação das realidades, mas não pensem tratar-se de um mero sistema de integrações, na verdade, há uma análise bastante sensata do cenário geopolítico, observem. O autor divide o planeta em várias regiões que se comportam como grandes corporações. Tais corporações operam a realidade virtual e se lhes atribui valor de mercado, deste modo, realidade e virtual podem se interpenetrar gerando valores de mercado. As pessoas possuem avatares e, a depender de seu status social podem ou não auferir lucros cada vez maiores.
A personagem Hiro tem papéis distintos no mundo real e no virtual. Na realidade, a jovem skatista é entregadora de pizzas, no metaverso uma hacker samurai. Se vocês imaginam que ser uma samurai é mais empolgante do que ser uma skatista entregadora de pizzas, podem esquecer. Com a interpenetração dos mundos e o surgimento da droga “snow crash”, tudo passa a ser ameaçado. A participação na luta contra a disseminação da droga, é tanto mais implacável para samurai e entregadora na medida em que as ambientações mantêm total integração. Pode não ser a obra de maior estatura do século XX, mas certamente é deste livro que sai a forma mais direta para que compreendamos a essência do metaverso.
É importante salientar que o metaverso não é um desdobramento dos espaços em 3D ou do jogo “Second life” que na primeira década deste século levou empresas para o buraco e acabou não conquistando adeptos. O metaverso é, de fato, muito mais. Não se trata de criar uma vida paralela, isso seria um paliativo perigoso para o estresse diário das grandes corporações e mesmo da vida privada, trata-se do estabelecimento de conjunção de realidades com poder e dinheiro envolvidos. O que eu faço aqui na realidade usual mistura-se ao que eu faço no virtual, criando uma realidade para além do conceito estreito das coisas palpáveis. A possibilidade de se fazer tudo virtualmente com resultados possíveis na realidade física está cada vez mais próxima. Com o avanço sistemático da tecnologia e o seu eventual barateamento, mais e mais pessoas ao redor do mundo poderão interagir em plataformas metaverso, gerando não só interações sociais como ir ao mercado, à escola, ao teatro, dar um passeio no parque, mas também reprogramações no modo de trabalhar, investir, apostar, em suma, obter resultados virtualmente e materializá-los na vida real. Em verdade, assim que tais interações sejam comuns, as expressões “virtual” e “real” deixarão de fazer sentido.
O metaverso traz o futuro para o hoje, o hoje começa a despedir-se da sua existência. Olharemos para o passado como se este fosse um futuro próximo pretérito, e não porque algumas condições não foram superadas, mas porque não haverá mais a concepção de tempo como algo que nos impeça de algo. Bem-vindos ao futuro!