O motivo é evitar novas atitudes de vandalismo e manter a ordem dentro do estádio resguardando a integridade de jogadores, arbitragem, de quem, de fato, entende o sentido da palavra torcedor, das crianças que são levadas para assistir o time do coração jogar. Com esse entendimento e diante de tantas denúncias e registros, o Ministério Público do Estado de Alagoas (MPAL), por meio das promotorias de Justiça do Torcedor da Capital, ajuizou ação civil pública com pedido de liminar em desfavor do Grêmio Recreativo Esportivo e Cultural Torcida Mancha Azul para que seja suspensa a sua presença em praças desportivas, além do funcionamento e suas atividades pelo prazo de 60 dias. O pedido foi acatado, conforme decisão do juiz Cláudio José Gomes Lopes.

A iniciativa dos promotores de Justiça Sandra Malta Prata Lima e Bruno Baptista, das 37ª e 41ª Promotorias de Justiça, deve-se à sequência de atitudes violentas adotadas por parte de integrantes da conhecida “Mancha Azul” contra torcedores adversários locais ou visitantes, bem como ameaças contra a direção do clube por meio de gritos de guerra e pichações em suas residências. Além disso, há testemunho de vítimas que teriam sido perseguidas e interceptadas pela referida torcida organizada e o pedido formal da Polícia Militar , via Comando de Policiamento da Capita (CPC), pela interrupção temporária de sua atuação.

Para respaldar a ação, os promotores elencaram alguns registros de violência promovidos por integrantes da “Mancha Azul”, como o ocorrido em 2 de junho deste ano, em duas praças que fazem divisa com os bairros do Poço, Jatiúca e Ponta Verde, onde torcedores regatianos foram surpreendidos com arremessos de explosivos de fabricação caseira que partiram de um veículo ocupado por pessoas uniformizadas com roupas da torcida azulina. No espaço, houve revide, tumulto e vítimas ficaram feridas.

Dos fatos mais recentes há vários registros de vandalismo, um no dia do jogo contra o Cruzeiro, outro no dia 13 de agosto quando, por meio de informações do serviço de inteligência, policiais do 8º Batalhão interceptaram um veículo Gol que dava proteção a um ônibus de torcedores azulinos e com seus ocupantes foram encontrados cinco rojões, um artefato explosivo com esferas de vidro e pólvora,,uma pedra de crack e sete cigarros de maconha, além de um spray azul, confirmando os atos ilícitos.

Outro fato registrado e denunciado, inclusive repercutido em redes sociais, ocorreu no último dia do mês de agosto quando indivíduos, supostamente da torcida organizada Mancha Azul, aterrorizaram moradores da região arremessando artefatos explosivos confeccionados com pregos e esferas de vidro contra a sede da Torcida Organizada Comando Alvirrubro.

Como não bastassem a quantidade de registros das ações de vandalismo contra a torcida rival, surge mais uma preocupação em relação à torcida organizada Mancha Azul que são as ameaças veladas contra o presidente do clube, o advogado Omar Coelho, cujas denúncias já culminaram na instauração de inquérito policial visando apurar a ocorrência de crimes por parte da torcida organizada requerida em relação ao presidente do CSA e em virtude de tentativa de invasão e intimidação dos jogadores e dirigentes em seus locais de trabalho.

A violência nos estádios e fora dele envolvendo as torcidas organizadas não cessam e o Ministério Público tem se manifestado pelo direito do bom torcedor e da sociedade alagoana que também sofre com o vandalismo adotado, visto que o cidadão também se sente ameaçado quando indiretamente é intimidado por tais confrontos. Porém, o caso em questão e a decisão pelo pedido focando na torcida Mancha Azul, no momento, é para evitar, por conta da sequência de atos ilícitos, um resultado pior.

Ocorre que, apesar das diversas tentativas de se estabelecer um clima de torcida saudável aos eventos esportivos, chegou ao conhecimento do Ministério Público diversos e lamentáveis episódios ocorridos, como os narrados acima, os quais possibilitam constatar a reiteração de atos de violência perpetrados pela torcida organizada Grêmio Recreativo Esportivo e Cultural Torcida Organizada Mancha Azul”, diz a ação.

Desde 2005 o MP tem ajuizados ações em face de condutas ilícitas das torcidas organizadas que continuam produzindo cenário de violência em Alagoas.

Foto: Alisson Frazão



Fonte: MPAL