O Conjunto Habitacional Cristo Rei, em Anastácio, é composto por 1.300 crianças e adolescentes. Porém, cerca de 150 jovens têm tirado o sossego da comunidade. É o que afirma a presidente da Associação Dos Moradores Cristo Rei.
Joelma Marques dos Santos afirma que esses jovens estão em situação total de abandono por parte do Conselho Tutelar. São menores que cometem pequenos furtos, depredam o patrimônio público e algumas meninas chegam a se prostituir na região.
A presidente, que igualmente é conselheira da Assistência Social, já flagrou estudantes quase desmaiando de fome na escola. igualmente já presenciou crianças sozinhas na via pública por volta da meia-noite.
Esses menores, oriundos de famílias carentes, são muitas vezes filhos de mães que alegam violência moral e física, desemprego, miséria e falta de oportunidade.
de acordo com relato, existem garotas de 12 a 14 anos que saem do controle dos pais e se prostituem nos arredores do Centro Comunitário ou na rotária de acesso ao bairro. Joelma chegou a pedir auxilio ao Conselho Tutelar, que nenhuma providência tomou, alegando que a denúncia precisava ser realizada formalmente pelas famílias das menores.
A sensação é de ter as mãos atadas. Mesmo fazendo o papel de cidadã e de porta-voz da comunidade, a servidora não consegue que a situação seja resolvida.
“Se um pai bate no filho, o Conselho Tutelar vem para resolver, mas se a criança está na rua, abandonada e em risco social, nada é feito”.
O comportamento agressivo desta parcela de menores chama a atenção dos moradores. Joelma diz que eles não têm “medo de nada” e que gostaria que existisse uma abordagem mais ríspida por parte do órgão responsável.
“Tudo está caminhando para que Anastácio seja a primeira cidade da região a ter crianças moradoras de rua. Eu gostaria que o Conselho Tutelar fosse ativo. Um desses jovens faz barulho por 10. Faltam ações sociais para entreter essas crianças e cobrar esses pais.”
Durante a presença da reportagem do TopMidiaNews na residência da presidente, um adolescente chegou ao local e pediu o computador e a internet emprestados para realizar uma pesquisa escolar.
Ela diz que a cena é comum e que a casa serve, inclusive, como local de lazer para uns e abrigos para outros. É o caso do ex-estudante e ex-morador M.G.
Caso M.G.
Com apenas 9 anos, M.G. vivia, segundo Joelma, desnutrido e abandonado pelo pai. O estudante passava o dia todo na escola para ter onde se alimentar e, quando a noite caía, ia para a residência da servidora onde sentia segurança. Visivelmente abatido, M.G. possuía uma ferida na região da barriga por falta de higiene pessoal. O pai, a criança relatava, nunca estava em casa e, quando presente, encontrava-se em estado de embriaguez. O estudante tomava banho de chuva e recebia doações de roupas.
Assim que a denúncia chegou aos ouvidos do Conselho Tutelar, o órgão foi até a escola e constatou a veracidade da informação, mas não tomou nenhuma providência. Um mês depois, M.G. desapareceu do Cristo Rei e o caso foi dado como encerrado.
A Associação dos Moradores foi investigar o paradeiro do garoto e obteve a informação de que o pai havia vendido a casa na comunidade e colocado o jovem para trabalhar em uma carvoaria porque, segundo ele, “lugar de vagabundo é trabalhando”.
O caso atingiu emocionalmente a presidente e todos os membros da Associação.
“A nossa parte, a gente fez. Denunciamos. Socorro, nós pedimos.”
Fonte: Topmidianews.com.br