Codevasf, indígenas e CBHSF se unem em Penedo para defender Velho Chico

Um peixamento realizado pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), nesta terça-feira (3), marcou as atividades do Dia Nacional de Defesa do Rio São Francisco em Alagoas. A Codevasf é uma das instituições que estão apoiando a Campanha “Eu viro carranca pra defender o Velho Chico” promovida pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF).

Segundo o chefe da Unidade Regional de Meio Ambiente da Codevasf em Alagoas, o engenheiro agrônomo Pedro Melo, o peixamento faz parte do conjunto de ações de revitalização da bacia hidrográfica do rio São Francisco.

“Esse peixamento atende a um pedido do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco. O repovoamento da bacia hidrográfica com espécies nativas como a xira, o piau e a piaba integra as ações de revitalização executadas pela Codevasf, e é uma ação continuada. Para isso, a Codevasf mantém o Centro Integrado de Aquicultura e Recursos Pesqueiros de Itiúba, no qual são produzidas as espécies nativas para peixamentos”, informou.

Ele destacou outras ações da Codevasf para revitalização da bacia hidrográfica do São Francisco. “Além do repovoamento no rio, que aumenta a quantidade de peixes, a Codevasf também investe na execução de ações para revitalização da bacia hidrográfica, a exemplo do saneamento ambiental, com implantação de sistemas de esgotamento sanitário em municípios da bacia; sistemas de abastecimento de água potável para cidades ribeirinhas, recuperação de áreas degradadas, entre outras ações de grande importância para a revitalização do Velho Chico”, pontuou Pedro Melo.

Índios mostram ritual

O peixamento ocorreu no bojo das atividades do Dia Nacional de Defesa do Rio São Francisco em Penedo (AL), uma das cidades incluídas na programação. Logo pela manhã, uma mesa redonda discutiu os problemas enfrentados por diversos segmentos da população e contou com a presença de lideranças dos povos indígenas, de pescadores tradicionais, de agricultores, de estudantes, entre outros.

Em seguida, foi realizada uma caminhada pelas ruas da cidade ribeirinha até o cais do porto de Penedo, onde foi realizada a soltura de alevinos. Antes do peixamento, índios da tribo Tingui Boto, do município de Feira Grande (AL), realizaram o ritual do Toré e, em seguida, de forma simbólica, devolveram as águas do rio São Francisco que carregavam em potes de barro.

Um dos líderes da tribo Tingui Boto, Ricardo de Campos, cujo nome indígena é Kayaboro, fez questão de destacar as ações da Codevasf para revitalização do Velho Chico. “Parabenizo a Codevasf pelo trabalho de peixamento e pelas ações junto a comunidades tradicionais como a minha. A soltura desses alevinos demonstra a preocupação da Codevasf com o rio e com as comunidades que dependem da pesca. Esses alevinos mas mostram, simbolicamente, uma preocupação social com o São Francisco”, afirmou.

O líder Tingui Boto relatou alguns problemas enfrentados por comunidades tradicionais, como os povos indígenas, no Baixo São Francisco. “Os povos indígenas em Alagoas e Sergipe são principalmente afetados pela diminuição da vazão no rio. Como o nível do rio tem estado muito baixo, isso tem dificultando a pesca e a navegação. Algumas de nossas etnias trafegam de barco e isso tem sido prejudicado. Já no Submédio São Francisco, o represamento das águas do São Francisco faz com que o rio aumente seu nível de água, assim inundando as terras de comunidades tradicionais de lá, como, por exemplo, do povo Tuxá em Reodelas (BA)”, relatou Kayaboro.

O secretário-executivo do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), Maciel Oliveira, falou sobre as atividades do Dia Nacional de Defesa do Rio São Francisco em Alagoas e do apoio da Codevasf às mobilizações.

“Esse é um dia em que todos os povos da bacia levantaram sua voz para defender o Velho Chico. Nós estamos aqui para dizer sim ao Velho Chico. Contamos com o exemplar apoio da Codevasf em todas as suas superintendências regionais na Bacia do rio São Francisco, em Alagoas, Sergipe, Pernambuco, Bahia; contamos com a Codevasf para devolver o peixe ao rio. Este é um dia histórico para o Brasil”, destacou.

 

 

Fonte: Codevasf