Dois golfinhos e uma tartaruga foram encontrados mortos em um dia na praia de Feliz Deserto, no extremo Sul de Alagoas. Os golfinhos aparentavam que tinham morrido há pouco tempo. A tartaruga estava sem parte da carne. O Instituto Biota recolheu os animais na sexta-feira (18). Segundo o biólogo e coordenador do Instituto Biota, Bruno Stefanis, os golfinhos estavam há 150 metros de distância um do outro. Eles eram machos da espécie boto-cinza e tinham cerca de 120 cm, considerados juvenis.
Os golfinhos estavam com marcas de rede de emalhes de náilon, uma rede de pesca permitida dentro das regras ambientais previstas, no entanto, ainda não se sabe se ela estaria sendo usada corretamente. O Biota acredita que eles morreram afogados, presos à rede. Os dois animais foram recolhidos e serão levados na segunda-feira (21) para a necropsia na Universidade Federal de Alagoas, para confirmar a causa da morte.
A tartaruga, da espécie tartaruga-verde, foi encontrada sem parte da carne, o que faz o Biota acreditar que ela foi retirada para consumo. O aumento da incidência de animais marinhos encontrados mortos em Feliz Deserto tem sido notado pelo instituto. Mas Bruno Stefanis explica que, no verão, a quantidade de tartarugas, por exemplo, cresce devido às atividades reprodutivas. “Animais vêm para próximo da costa para se reproduzirem e, com isso, acabam interagindo mais com humanos”, explica.
No entanto, a atividade pesqueira e ação do homem também têm sua parcela de culpa. No dia 10 de janeiro, outro golfinho foi encontrado na mesma praia esquartejado. Ele apresentava marcas de cortes de lâmina e de rede de nylon. A parte que não foi encontrada corresponde à região com musculatura, mais carnuda, e quem destrinchou o animal provavelmente já está acostumado com a prática. A suspeita é de que o responsável consumiu a carne e usou a gordura para preparar iscas de pesca.
Segundo Stefanis, o Litoral Sul possui mais animais mamíferos do que o Litoral Norte. “Como agora estamos monitorando todos os dias, estamos registrando mais ações humanas. Isto aliado ao fato de hoje termos equipes de veterinários que podem detectar as causas nas necropsias”, complementa.
Fonte: : Mariane Rodrigues / OP9