Fundador da rede Ricardo Eletro é preso em SP

Outros dois empresários do ramo de eletrodomésticos e eletroeletrônicos são alvos da operação. De acordo com as investigações, aproximadamente R$ 400 milhões foram sonegados

O fundador e ex-principal acionista da rede varejista Ricardo Eletro, Ricardo Nunes, foi preso no estado de São Paulo, em operação de combate à sonegação fiscal e lavagem de dinheiro deflagrada na manhã desta quarta-feira por uma força-tarefa composta por Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), Secretaria de Estado de Fazenda e Polícia Civil.

Outros dois empresários do ramo de eletrodomésticos e eletroeletrônicos são alvos da operação, que recebeu o nome de “Direto com o Dono”, segundo o G1.

As investigações indicam que cerca de R$ 400 milhões em impostos devidos ao estado de Minas Gerais teriam sido sonegados ao longo de mais de cinco anos.

De acordo com o Ministério Público de Minas Gerais, estão sendo cumpridos três mandados de prisão e 14 mandados de busca e apreensão expedidos pela Vara de Inquéritos de Contagem. Os mandados são cumpridos em alvos localizados nos municípios mineiros de Belo Horizonte, Contagem e Nova Lima, e também nas cidades de São Paulo e Santo André.

O MPMG acrescenta que as empresas da rede de varejo cobravam dos consumidores, embutido no preço dos produtos, o valor correspondente aos impostos.  No entanto, os investigados não faziam o repasse e se apropriavam desses valores.

O montante da sonegação com o estado de Minas Gerais chega a R$ 400 milhões, mas a mesma rede tem dívidas vultosas em praticamente todos os estados onde possui filiais.

Além dos mandados de prisão, a justiça já determinou o sequestro de bens dos imóveis do dono do negócio, avaliados em cerca de R$ 60 milhões, com a finalidade de ressarcir o dano causado ao estado de Minas Gerais.

A investigação ganhou força após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), de novembro de 2019, que definiu como crime a apropriação de ICMS cobrado de consumidores em geral e não repassados ao estado.

A Ricardo Eletro encontra-se em situação de recuperação extrajudicial, sem condições de arcar com suas dívidas, já tendo fechado diversas unidades e demitido dezenas de trabalhadores.

O MPMG ressalta, no entanto, que Ricardo Nunes, na época em que a sonegação ocorreu principal dono do negócio, possui dezenas de imóveis, participações em shoppings na região metropolitana de Belo Horizonte e fazendas.

Os bens imóveis não se encontram registrados em nome do investigado, mas de suas filhas, mãe e até de um irmão, que também são alvos da operação desta quarta-feira. O crescimento vertiginoso do patrimônio individual do principal sócio ocorreu na mesma época em que os crimes tributários eram praticados, o que caracteriza, segundo a força-tarefa, crime de lavagem de dinheiro.

A operação conta com a participação de três promotores de Justiça, 60 auditores-fiscais da Receita Estadual, quatro delegados e 55 investigadores da Polícia Civil.

Nunes se afastou da Ricardo Eletro em 2019

A Ricardo Eletra informou por meio de nota que Ricardo Nunes e seus familiares não integram o quadro de acionistas ou administrativo da companhia desde 2019. Desde 2017, a Ricardo Eletro pertence a um fundo de investimento em participação.

Esclareceu que a operação realizada nesta quarta-feira é relativa a processos anteriores a atual gestão da companhia, sendo relativos a supostos atos praticados por Nunes e familiares.

A Ricardo Eletro reconhece “parcialmente as dívidas” com o Estado de Minas. E diz que, antes da pandemia, “estava em discussão avançada com o Estado para pagamento dos tributos passados, em consonância com as leis estaduais. E que está disponível para colaborar com as investigações.

Fonte: O Globo