Vendedores do mercado do município sofrem com a baixa dos pescados. Secretaria de Agricultura diz que última cheia foi aconteceu em 2006.
Em Penedo as consequências do assoreamento no Rio Francisco são visíveis. Mesmo distante dá para notar os bancos de areia no leito do Velho Chico até mesmo quando a maré está cheia. O problema atrapalha a principal atividade dos ribeirinhos: a pesca.
É um cenário visto com tristeza pelos pescadores. Com um volume de água tão baixo, os peixes não conseguem se reproduzir. “O rio era mais cheio, tinha mais água. Hoje não tem mais peixe. As hélices das embarcações ainda quebram no reboco de areia”, se queixa o pescador Adail Carlos Sacramento.
O reflexo dessa situação implica no Mercado do Peixe, que é o mais tradicional ponto de vendas de peixe e pescado do município. Nas barracas de venda há peixes, mas eles não vieram do Rio São Francisco e sim de cativeiros. “O peixe do rio está difícil. Venho procurar e não encontro por aqui”, conta o aposentado José Rivaldo dos Santos.
Segundo a vendedora do local, Rejane Ferreira, se o rio estivesse em sua normalidade, as vendas subiriam em até 80%. “É o piau, a xira, camurupim, robalo. E nada disso chega mais para a gente. Vamos ver quando liberarem a pescaria”, diz.
O presidente da Colônica de Pescadores de Penedo, Alfredo Fernandes, disse que o período do defeso, quando a pesca é proibida, passou de 60 para 120 dias. A preocupação é com a Semana Santa, quando a procura aumenta.
“A dificuldade é grande por conta do rio estar baixo e não ter força. A gente coloca uma rede e o rio não tem força de arrastar. Ele fica prendendo no mato, no lodo, porque a pouca força da água faz com o que dificulte a pesca para o pescador”, explica Fernandes.
Baixa vazão
Para o secretário de Agricultura de Penedo, Ricardo Góes, o longo sem cheias no São Francisco é a principal causa da falta de peixes no rio. “Todo pescado consumido no município, só 15 a 20% vem do Rio São Francisco. 80% do pescado consumido vem de tanques rede e tanques escavados”.
“A condição de pescadores que margeiam o rio e que vivem da pesca ficam hoje com dificuldade de fazer essa pescaria e sobrevivência das famílias. É preocupante. A última cheia que tivemos no Rio São Francisco foi por volta de 2006 e sem essa condição de cheia, o rio não produz”, ressalta o secretário.
Uma das alternativas é a criação de peixes em tanques rede. Em uma barragem de um dos afluentes do rio, no município de Igreja Nova, vizinho a Penedo, piscicultores de uma associação criam tilápias. É uma forma de manter o mercado abastecido e garantir o sustento das famílias.
“No rio não tem mais peixes e no rio agora a gente coloca esses tanques para melhorar a situação da nossa renda”, contou o presidente da Associação de Piscicultores da Barragem Boacica, Orlando Fernandes.
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Fonte: TV Gazeta / Globo Rural