Promotor tenta incluir qualificadora de feminicídio no caso Roberta Dias, mas Justiça nega por questão legal

Em mais uma atualização do julgamento que mobiliza Penedo e o estado de Alagoas, o promotor de Justiça Sitael Jones Lemos revelou que solicitou um aditamento à denúncia original do caso Roberta Dias, com o objetivo de incluir a qualificadora de feminicídio entre os crimes imputados aos réus. No entanto, o pedido foi indeferido pela Justiça em razão da lei do feminicídio ter sido sancionada apenas em 2015, três anos após o crime, ocorrido em 2012.

O promotor explicou que, mesmo sem a tipificação formal, fez questão de levar o tema à tona para reforçar o contexto do crime, caracterizado por uma violência direcionada à condição de mulher da vítima:

“Fiz questão de apresentar esse aditamento para mostrar à sociedade que se trata, sim, de um crime com motivações profundamente machistas. Tentam diminuir a relação dos dois como se fosse algo casual, desconsiderando até o vínculo da gestação. Disseram: ‘A camisinha furou, será que o filho é meu? Posso ver ele?’. Nenhuma postura de responsabilidade ou respeito.”

Apesar da negativa técnica, o Ministério Público do Estado de Alagoas (MPAL) mantém sua atuação firme na busca por justiça para Roberta Dias, jovem grávida assassinada em 2012, com dois acusados sendo julgados: Karlo Bruno Pereira Tavares e Mary Jane Araújo Santos.

O julgamento segue nesta sexta-feira com a fase dos debates entre acusação e defesa, e expectativa de que a sentença seja anunciada ainda hoje.