A antecipação das eleições municipais de 2016, em favor do ex-prefeito Cícero Almeida (PRTB), soa arrogante e até mesmo engraçada. Eleito deputado federal com uma votação aquém da projeção de analistas e de suas próprias expectativas, Almeida sequer foi diplomado pelo Tribunal Regional Eleitoral de Alagoas, mas já estaria articulando uma mudança de partido para garantir uma candidatura contra uma eventual reeleição de Rui Palmeira (PSDB).
O céu parece ser o limite para o comunicador que ficou conhecido como o “prefeito de concreto”, pelas diversas obras que executou em seus dois mandatos, entre 2005 e 2012. Mas Almeida faz parte de um grupo político que tem suas próprias – e diversas – pretensões com relação à sucessão da Prefeitura de Maceió. E o fundamental apoio do governador eleito Renan Filho (PMDB), certamente, não virá.
Com uma votação menor que a do novato Nivaldo Albuquerque (PRP) em Alagoas, e surpreendentemente menor que a de João Henrique Caldas (SD) em Maceió, Almeida obteve apenas 49.793 mil votos na capital alagoana. Largar na frente, nestas condições, não é uma iniciativa inteligente, pois se tornará alvo logo nos primeiros passos de uma longa caminhada de quase dois anos. E ficará ainda mais enfraquecido.
Trabalho a fazer
Se o ex-prefeito tivesse mais habilidade e estratégia política, utilizaria seu mandato na Câmara Federal para ajudar Maceió. Tal convite para uma parceria republicana em prol da população maceioense está sendo feito publicamente pelo próprio prefeito Rui Palmeira, em entrevista publicada na edição de hoje do CadaMinuto Press.
Mesmo se esta proposta de parceria tenha sido feita por Rui Palmeira em tom de provocação e desafio, uma eventual aceitação por parte de Cícero Almeida demonstraria para a opinião pública e para seus eleitores uma postura madura e equilibrada do ex-prefeito. Seria um compromisso firmado que poderia render frutos interessantes para abastecer sua pretensa campanha eleitoral no distante 2016.
Em paralelo com esta parceria, Almeida poderia continuar condenando as falhas da administração de Rui, mesmo superando, em nome de uma parceria, as desavenças com o atual prefeito, que o acusou de deixar uma herança de R$ 149 milhões em dívidas, no final de seu mandato.
Todo este cenário parece ser surreal demais para o repertório cognitivo do ex-prefeito, que ainda vive inebriado por uma popularidade recorde entre os prefeitos da capital. Mas Almeida precisa lembrar que entre o passado de “prefeito forrozeiro popstar” e o futuro incerto de regresso ao Executivo de Maceió, há muito trabalho a ser feito para recuperar sua popularidade entre os eleitores e credibilidade entre os aliados.
Fonte: Cadaminuto