Jardine e América conseguirão a segunda vingança contra o Cruz Azul?


Enquanto o Toluca lamenta a pobreza espiritual dos seus jogadores e a pobreza estratégica e de liderança do seu treinador, Xolos terá de esperar que Osorio arrume o seu caderno.


LOS ANGELES – André Jardine é abençoado. Ele transformou os demônios em doces querubins e se vingou daquele 4-0. Agora, o destino oferece-lhe generosamente a oportunidade de mais uma magnífica vingança: a daquele 4-1 que o Cruz Azul lhe impôs há exatos três meses.

A América foi para o inferno e saiu ilesa, iluminada. Agora enfrentará o Cruz Azul, que ofereceu um prolongado ricto de drama, angústia, histeria, até conseguir igualar o agregado por 3 a 3 com o Xolos e aproveitar sua posição na Tabela.

Em Toluca, os habitantes locais decepcionaram. Em parte porque André Jardine se agrupou em segundo plano e teve um trabalho extraordinário – mais uma vez – de Alejandro Zendejas, e as chicotadas perturbadoras que causaram o gol contra de Marcelo Ruize novamente, falando em abençoado, o quarto gol naquele 4 a 0 no geral selou Henrique Martins. Vingança consumada.

Enquanto isso, na Cidade dos Esportes, Cruz Azul fez do sofrimento um verbo. Apenas aos 44 minutos, Nacho Rivero conseguiu converter uma das 27 oportunidades que La Maquina gerou, num bloqueio, reflexo da sua fúria e da sua devoção obsessiva ao futebol, à sua capitania e ao seu clube. Uma foto de jogar futebol in extremis.

Juan Carlos Osorio planejou o primeiro tempo para resistir, para montar uma barricada e com jogadores dispostos a sofrer e morrer nas trincheiras. No segundo tempo ele quis apostar tudo ou nada, apesar do 1-3. E ele estava errado.

É verdade que os jogadores do Xolos desperdiçaram quatro remates à baliza, numa noite fatídica para o Pantera Zúñiga, que tinha sido o herói na primeira mão. O colombiano fez três na posição de gol e mandou para a arquibancada.

É verdade, o goleiro celestial Kevin Mier foi decisivo, assim como foi para evitar, por outro lado, uma marcação cruel, o guarda-redes do Xolos José Antonio Rodríguez.

No final, obrigado pelo espetáculo, pelas condições extremas da partida. 74 minutos de pressão sufocante, de assédio esmagador, com o Cruz Azul colocando Xolos em campo, mas mesmo assim, os eventuais ataques do Tijuana causaram taquicardia na arquibancada e dentro de campo.

Com o 3-3 e a passagem às semifinais, Martín Anselmi esqueceu-se dos feitos extremos. Ele se entrincheirou em uma linha irregular de 10 jogadores à frente de Mier. E Xolos tentou, mas já no confronto homem a homem, Cruz Azul sentiu-se fortalecido, pronto para a tarefa suicida, se necessário, de matar morrendo e morrer matando.

A Máquina resistiu por vinte minutos. Sim, talvez uma imagem indigna da melhor equipa da fase regular, do campeão do futebol generoso, ofensivo, implacável. Mas, dito isto, o fim justifica todos os meios e todos os medos.

E enquanto isso, a histeria nas arquibancadas. Os microsismos na alma. Rostos lívidos, porque a irmandade Cruz Azul sabe que o maldito exercício de cruzar o azul é sempre um risco atual, tangível, possível. Cruzazulear é aquela artéria quebrada no coração da sua esperança.

Mas Xolos já não encontrou caminho e as três bolas que conseguiu enfiar na área acabaram por ser subjugadas pela defesa estóica do grande grupo de azuis celestes agachados.

Embora Toluca deva lamentar a pobreza espiritual de seus jogadores e a pobreza estratégica e de liderança do seu treinador, Costa Rica.

Assim, aguardando o que acontecerá neste domingo com o San Luis visitando o Tigres com uma vantagem de 3 a 0, e com o Pumas tentando se livrar do 1 a 0 que o Rayados lhes impôs no jogo de ida, esperando por tudo isso, o semi-empatado final, América contra Cruz Azul, tem todo o encanto de uma Final que, ao invés de avançada, deixa a amargura de que o outro finalista, seja ele quem for, mais que uma sinodal, será uma trupe.

Sim, uma Semifinal sem desperdício mas é uma Final desperdiçada.

Ambos entre El Nido e La Noria. Tantas questões pendentes entre América e Cruz Azul. Além do 4 a 1 de três meses atrás, a Máquina pretende cobrar contas da final do Clausura 2024 e desafiar a altíssima competição pela qualidade dos elencos. E pela qualidade dos técnicos.



Fonte: ESPN Deportes