Começou nesta quarta-feira (23), no Fórum da Comarca de Penedo, o julgamento de Mary Jane Araújo Santos e Karlo Bruno Pereira Tavares, apontados como responsáveis pelo assassinato de Roberta Costa Dias, jovem que estava grávida na época em que desapareceu, em 2012. O júri popular deve se estender até a sexta-feira (25), sob condução do juiz Lucas Dória.
Primeiras audiências priorizam depoimentos
A primeira etapa da audiência está dedicada à escuta de oito testemunhas de acusação, cada uma com previsão de até 40 minutos de fala. De acordo com o magistrado, nesta quinta-feira (24) será a vez das testemunhas de defesa, com possibilidade de que, ao final do dia, os próprios réus sejam interrogados.
“Estamos seguindo uma programação rigorosa para garantir espaço adequado aos depoimentos e debates. A sexta-feira será dedicada exclusivamente aos argumentos finais das partes, e deve demandar aproximadamente nove horas de sessão”, destacou o juiz.
Relembre o caso que chocou Penedo
Roberta Dias desapareceu ao sair para uma consulta médica, em 2012. Após anos de incerteza, a ossada da jovem foi localizada em um local isolado, confirmando o desfecho trágico. A investigação revelou que ela teria sido sequestrada, levada para um local ermo e morta por asfixia.
As suspeitas recaíram sobre Mary Jane, sogra da vítima, que teria planejado o crime para impedir o nascimento do bebê que Roberta esperava. Segundo os autos, ela teria contratado Karlo Bruno para executar o plano. Há ainda a acusação de que o filho de Mary Jane, Saulo Santos – menor de idade à época e namorado de Roberta – também participou do assassinato.
Crimes e penas em jogo
Os réus respondem por homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver e aborto provocado por terceiro. Mary Jane ainda enfrenta a acusação de corrupção de menor, devido ao suposto envolvimento do filho no crime.
A acusação é conduzida pelo promotor de justiça Sitael Jones Lemos. A defesa de Mary Jane é representada pelos advogados Fábio Lobo e Alessandro Calazans, enquanto Karlo Bruno é defendido por Ricardo Moraes e Arley Vieira.
Áudio revelador pode influenciar decisão do júri
Um dos elementos mais impactantes do processo é a gravação de um áudio onde Karlo Bruno supostamente admite envolvimento no crime. No material, ele reflete sobre as consequências do ato e questiona se não teria sido melhor assumir a responsabilidade para poupar a própria mãe do sofrimento causado.
Esse áudio, que havia sido analisado pela Polícia Federal em 2018, volta agora a ganhar peso diante do júri popular, podendo influenciar diretamente na formação da convicção dos jurados.
Expectativa é por justiça após 13 anos
Familiares e moradores de Penedo acompanham com expectativa o desfecho do julgamento, que poderá pôr fim a um dos casos mais brutais da história recente da cidade. A mãe de Roberta, em depoimento emocionado, pediu que os jurados façam justiça pela filha e pelo neto que nunca chegou a nascer.
“A minha filha não teve chance de se defender. Treze anos se passaram e agora chegou a hora. Está nas mãos de vocês fazerem justiça”, declarou a mãe da vítima.
Com ampla repercussão em Alagoas, o caso é mais do que um processo criminal: tornou-se um símbolo da luta por justiça e memória para quem perdeu uma filha e um neto por conta da crueldade de um crime premeditado.