Codevasf, Sebrae/AL, Governo de Alagoas e associação de moradoras integram grupo que elabora documento

 

A Área de Proteção Ambiental (APA) da Marituba do Peixe, também conhecida como “Pantanal Alagoano”, deve ser contemplada com um plano de desenvolvimento turístico. O documento está sendo elaborado por instituições que compõem o Conselho Gestor da APA, como a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), o Sebrae/AL e o Governo de Alagoas. A previsão é de que o plano seja executado por dez meses e contribua para tornar a região da várzea – situada entre os municípios de Penedo, Piaçabuçu e Feliz Deserto, todos em Alagoas – um importante polo de turismo gastronômico, científico e ecológico.

 

A proposta que está em discussão pelos conselheiros prevê a implantação e a melhoria de serviços e equipamentos turísticos, como restaurantes, bares e roteiros de atividades. Também está sendo discutida a criação de indicadores de resultados para monitoramento das ações.

 

Um caminho a ser seguido pelo plano é o de valorização das tradições culturais locais, que incluem as casas de farinha e os produtos típicos da culinária regional, como a famosa macazada e o pirão de galinha velha. Para isso, a proposta prevê a criação de incentivos que deem suporte ao patrimônio cultural material e imaterial, a realização de mapeamento das potencialidades naturais e o diagnóstico da infraestrutura existente.

 

A proposta foi apresentada em reunião do Conselho Gestor da APA pela consultora do Sebrae Silvânia Correia. “Buscamos desenvolver o turismo na APA da Marituba do Peixe em várias vertentes. A proposta inicial é provocar uma cobrança maior no sentido de promover ações de infraestrutura básica que são necessárias para que o destino esteja preparado para receber o turista”, diz a consultora.

 

De acordo com o diretor da Área de Revitalização da Codevasf, Eduardo Motta, o desenvolvimento do ecoturismo na região requer a implantação de corredores ecológicos. “A formação desses corredores deve se dar principalmente por meio da substituição gradativa da cana-de-açúcar existente nas margens da várzea da Marituba por matas ciliares, para recomposição da biodiversidade. Um exemplo desse tipo de trabalho é o que foi feito no município de Feliz Deserto, ao longo da margem da várzea da Marituba, pela Usina Coruripe”, explica. “A Usina substituiu ações econômicas dentro da várzea por ações ambientais, com recomposição de matas ciliares e com Reservas Particulares de Patrimônio Natural (RPPNs)”, acrescenta Motta.

 

O desenvolvimento do turismo na APA deve gerar mais oportunidades de trabalho e renda para as comunidades locais, ligadas tradicionalmente à pesca e à agricultura familiar. No entanto, já há moradores da região que aproveitam seu potencial turístico. Uma dessas famílias é a de Aldilene Santos. Ela é agente de saúde e paralelamente mantém com a família um restaurante rural no povoado Capela, dentro da APA da Marituba do Peixe. Aldilene diz que sempre reconheceu o potencial turístico da região e aposta que a elaboração do plano de desenvolvimento turístico fará com que esse potencial se transforme em mais renda para as comunidades.

 

“O plano permitirá maior divulgação da APA da Marituba. Com o apoio de Sebrae, Codevasf e outros membros do Conselho Gestor, este será um ponto muito positivo para que as pessoas possam comercializar seus produtos”, avalia Aldilene, que  integra o Conselho da APA como representante dos povoados Capela e Riacho do Pedro. “A várzea é linda para quem tem folego e quer remar e conhecer a Marituba do Peixe, para explorar e para pesquisar, para fazer trilhas. Temos aqui até um ponto para ver as dunas da praia do Peba e a torre da igreja de Piaçabuçu. Aqui existe muito potencial”, acrescenta.

 

O Sebrae/AL é um dos principais parceiros envolvidos na elaboração do Plano de Desenvolvimento do Turismo da APA da Marituba do Peixe. Para o gerente do escritório regional do Sebrae em Penedo, Antônio Carlos Pires, a várzea possui a importância social, econômica e ambiental própria para o desenvolvimento de econegócios. “Estamos unidos a todos esses parceiros para o desenvolvimento dessa área e para que a população tenha maior qualidade de vida preservando o meio ambiente. Estamos fazendo um diagnóstico para traçar os objetivos com os parceiros em um plano de trabalho de cooperação técnica em que cada um cumpra o seu papel para o desenvolvimento econômico da Marituba”, aponta o gerente do Sebrae.

 

Na avaliação do chefe da Unidade Regional de Meio Ambiente da Codevasf em Alagoas, Pedro Melo, a APA possui potencial para exploração de turismo sustentável, considerado de baixo impacto. “Isso vai trazer mais empregos para a população e vai fazer com que a população sinta orgulho de morar numa área de proteção ambiental, ao invés de achar que uma área como essa cerceia a liberdade das pessoas. Criando alternativas econômicas, faremos com que as pessoas sintam orgulho da APA e queiram preservá-la”, afirma.

 

Com o Programa de Revitalização da Bacia do Rio São Francisco, a Codevasf tem acompanhado o constante desenvolvimento da APA da Marituba do Peixe. A Companhia investiu R$ 1,8 milhão em ações de proteção e preservação ambiental da Área; R$ 220 mil na elaboração de seu plano de manejo; R$ 180 mil na aquisição de móveis, equipamentos e veículos para operacionalização de seu Memorial; e também contemplou a APA com parte dos investimentos de R$ 1,2 milhão realizados em estudos, projetos e obras voltados à proteção e à recuperação de Unidades de Conservação localizadas em Alagoas. Os investimentos ocorreram por meio de convênio da Codevasf com a Secretaria de Estado dos Recursos Hídricos e do Meio Ambiente de Alagoas (Semarh/AL), com recursos do governo federal. A APA tem aproximadamente 18 mil hectares.

 

Com a participação do superintendente da Codevasf em Alagoas, Luciano Chagas, o Plano de Desenvolvimento do Turismo da APA da Marituba do Peixe continuará a ser discutido no Conselho Gestor da Área de Proteção Ambiental. O documento será pauta da próxima reunião do conselho, em data a ser definida. 

Fonte: Assessoria Codevasf