Considerado por boa parte dos torcedores e jornalistas italianos como o maior talento individual que o futebol do país já teve, o meia-atacante Roberto Baggio com certeza é o mais idolatrado e querido dos jogadores do calccio.
Com suas muitas transferências, seus altos e baixos, suas desavenças com treinadores e suas histórias de superação, Baggio é também o mais italiano dos craques, levando a tradicional, e muitas vezes estereotipada, emotividade e paixão dos habitantes do país aos gramados e, algumas vezes, elevando-a a níveis extremos.
Eleito melhor do mundo pela FIFA e destaque no futebol italiano por diversas temporadas, em uma época em que este era o principal campeonato do planeta, Baggio teria ainda mais fama e holofotes caso atuasse atualmente, com cobertura completa de todos lances e jogos e repercussão imediata nas diferentes mídias digitais e sociais. Seria um palpite certo em uma das muitas casas de apostas com bônus que atualmente povoam o futebol e o setor de entretenimento que deriva dele.
Começo no Vicenza e na Fiorentina
Roberto Baggio nasceu em 18 de fevereiro de 1967, e iniciou sua trajetória no futebol aos 13 anos, quando chegou às categorias de base do Vicenza. Nas divisões inferiores do clube, fez 110 gols em 120 partidas, e depois estreou na equipe profissional, atuando na última rodada da temporada de 1982/83. O time disputava então a Série C, e Baggio logo conquistou a vaga de titular, ajudando-o a subir para a Série B após a temporada de 1984/85.
Em maio de 1985, rompeu os ligamentos do joelho e passou mais de um ano afastado dos gramados, no primeiro dos diversos momentos dramáticos de sua carreira.
O jogador já estava vendido para Fiorentina, apesar de ainda atuar em Vicenza, e foi na nova equipe que se recuperou e estreou pela Série A. Seu primeiro gol foi marcado em maio de 1987, dois anos depois da grave lesão, em um empate em 1 a 1 contra o Napoli, de ninguém menos do que Diego Maradona. Naquela exata partida o Napoli festejava o primeiro título de sua história.
As grandes atuações pela Fiorentina o levaram à seleção mas não foram suficientes para garantirem a Baggio a primeira taça: bateu na trave, com o vice-campeonato da Copa da Uefa de 1990, vencida pela Juventus.
Juventus, Milan, Bologna, Brescia: mais gols, mais atritos
Se transferiu então, em uma transação milionária, exatamente para a Juventus, gerando tristeza e revolta entre os fanáticos torcedores da Fiorentina, que o idolatravam. Antes de estrear pela Juventus, disputou a Copa do Mundo de 1990, vencida pelos alemães em solo italiano.
Pela Juventus Baggio fez história, marcando 115 gols em 5 anos. Tornou-se líder e capitão do time, venceu a Copa da Uefa, foi eleito melhor do mundo e chegou à Copa do Mundo de 1994 como grande destaque da competição.
A excelente defesa italiana e a ótima forma de Baggio foram prejudicadas por lesões e decisões técnicas e táticas questionáveis, mas mesmo assim o time chegou à final, vencida pelo Brasil nos pênaltis exatamente após Baggio desperdiçar sua cobrança.
O pênalti indo por cima do gol e as reações dos jogadores italianos e brasileiros, sob o forte sol do verão de Los Angeles, ficarão eternamente gravados na memória dos fãs de futebol e na história da modalidade, infelizmente de uma forma traumática para Baggio, que havia se destacado durante todo o mundial mesmo tendo problemas físicos.
Após a Copa do Mundo, ficou meses parado por uma lesão no joelho, mas voltou ao time a tempo de ter boas atuações e ajudar na conquista do título italiano – a Juventus estava na fila da competição há sete anos.
Com o surgimento de Del Piero e outras prioridades da Juve, o jogador foi liberado pela diretoria e acabou se transferindo para o rival Milan, em mais uma movimentação polêmica.
Completou sua passagem pela Juventus tendo feito 200 partidas, nas quais anotou 115 gols e deu 25 assistências. É o time pelo qual atuou mais vezes em sua carreira.
Em sua primeira temporada no Milan, foi bicampeão italiano e formou uma boa dupla com Weah, mas teve problemas de relacionamento com Arrigo Sacchi, com quem já havia brigado na seleção, e acabou no banco.
Em 1997 foi dispensado pelo Milan, e assinou com o Bologna, visando a convocação para a Copa do Mundo de 1998. Com 22 gols em 30 partidas, apresentou um futebol indiscutível e foi convocado para o mundial, no qual atuou com a camisa 18.
Mesmo com a eliminação nas oitavas de final, novamente nos pênaltis mas desta vez com Baggio convertendo seu pênalti, o jogador se tornou o maior artilheiro italiano em Copas do Mundo, igualando Paolo Rossi e Vieri, todos com 9 gols, mas sendo ele o único a marcar em três edições distintas.
Chegou ao Brescia em julho de 2000, e alternou grandes momentos com alguns períodos afastado por lesão. Sob essa justificativa, de que Baggio não estava nas melhores condições físicas possíveis, o técnico Giovanni Trappatonni o deixou de fora da lista final de convocados para o mundial de 2002, o que gerou enorme frustração no jogador.
Depois do mundial, foi contratado pela Internazionale para atuar ao lado de Ronaldo e Ivan Zamorano, mas novamente houve atritos com treinadores e acabou sendo colocado no banco. Após duas temporadas, seguiu para o Brescia, sonhando com mais uma Copa do Mundo.
Encerrou a carreira no Brescia em 2004, tendo marcado 46 gols e dado 14 assistências em 101 partidas. Pela Inter haviam sido 59 partidas, 17 gols e 18 assistências.