Secretaria de Cultura de Penedo e ASFORRAL abrem exposição em homenagem a Gerson Filho, o Rei dos 8 Baixos

Mostra aberta ao público na Vila Dão Pédu homenageia músico penedense pioneiro em gravações com sanfona de 8 baixos e parceiro, de casa e de palco, da forrozeira Clemilda

Os festejos juninos em Penedo fazem uma justa homenagem a um dos filhos ilustres do município ribeirinho: o músico Gerson Filho. A trajetória do artista está na exposição O Rei dos 8 Baixos, aberta ao público na noite desta quinta-feira, 27, na Vila Dão Pédu.

O trabalho sobre o compositor, instrumentista e acordeonista tem curadoria da Associação dos Forrozeiros Alagoanos (ASFORRAL), parceira da mostra viabilizada pela Secretaria Municipal de Cultura, Lazer e Juventude (SEMCLEJ).

A exposição aberta ao público até 31 de julho começou com muito forró, ao som de Roberto dos 8 baixos, filho de Gerson e Clemilda; Toninho e Trio Copacabana: atrações apresentadas pelo artista Mumbaça. 

“Iniciamos com o pé direito os festejos juninos, fazendo a grande homenagem a Gerson Filho, pioneiro da sanfona dos oito baixos e com a presença de Robertinho e da presidente da ASFORRAL, Rosiane Lessa, e o nosso baluarte do forró, aqui de Penedo, Toninho Copacabana”, ressaltou a Secretária de Cultura Teresa Machado, convidando o público para a abertura do Arroche o Nó 2024, logo mais à noite, no estacionamento da Prainha.

A estreia da exposição Rei dos 8 Baixos foi prestigiada pelo Prefeito Ronaldo Lopes e populares. O gestor que valoriza a inclusão dos músicos locais nos eventos promovidos pelo município presenteou o filho do homenageado com o livro didático lançado em abril deste ano, mais uma ação de valorização da história e da cultura penedense.

Roberto dos 8 Baixos agradeceu o resgate e a preservação do legado do pai, com quem aprendeu a tocar o instrumento, revelando que 90% do repertório do seu show é feito com músicas do pai, autor de 107 registros fonográficos, entre LPs, compactos e discos de 78 RPMs.

Conversando com a reportagem da Secom da Prefeitura de Penedo, ele recorda que a sanfona usada por seu pai no banner destaque da exposição foi danificada pela chuva, recebendo outra do mesmo fabricante, ainda que o instrumento anterior fosse insuperável em qualidade.

Gerson Filho nasceu em Penedo em 1915 e aprendeu a tocar sanfona ainda criança, fazendo sua primeira apresentação aos 12 anos, em sua cidade natal. E foi na adolescência que começou a compor canções do ritmo tradicional nordestino, dom que o levou ao Rio de Janeiro na idade adulta.

Em 1953, ele faz o registro histórico que embala quadrilhas juninas e o primeiro ao som de sanfona de 8 baixos. Daí em diante, tornou-se músico com lugar garantido nos programas de rádio e de auditório da época.

Gerson Filho conheceu Clemilda em 1965. Unidos no palco e na vida matrimonial, a dupla de forrozeiros esteve em Penedo em meados da década de 1970 para apresentar show articulado por Toninho do Acordeon (ou Toninho Copacabana).

“Isso foi um pedido do Pereira, que tinha umas farmácias em Penedo nessa época. Como eu já tinha amizade com os dois, Gerson e Clemilda, e fazia apresentações com eles quando vinham tocar na região, consegui trazer pra cá. Esse show foi na Praça Costa e Silva”, recorda Toninho sobre o evento.

Gerson Filho e Clemilda já estavam de volta ao Nordeste nesse período, morando em Aracau-SE, onde o Rei dos 8 Baixos apresentava programas em rádio e na TV, além dos shows, conseguindo seu primeiro disco de ouro em 1985, junto com o sucesso da companheira forrozeira, famosa por suas músicas de duplo sentido recheadas de humor.

Gerson Filho faleceu em 1991, aos 76 anos, e vive na memória da cultura popular nordestina, graças às iniciativas como esta, da ASFORAL e da SEMCLEJ Penedo.

Texto Fernando Vinícius

Fotos Kamylla Feitosa