“A glutamina é, de fato, um substrato essencial para as células do sistema imunológico, pois é uma fonte importante de energia para células que se dividem rapidamente, como as do sistema imunológico. A teoria é que, ao aumentar a disponibilidade de glutamina, seria possível melhorar o funcionamento do sistema imunológico, mas não há comprovação científica para isso”, descreve ela, que é host do podcast Em Busca da Performance.
O aminoácido também participa de outras ações importantes no corpo.
“A glutamina desempenha uma função crucial em situações que exigem intensa formação celular, como em processos de cicatrização ou regeneração”, aponta Gonçalves.
“A glutamina também desempenha um papel importante em situações que exigem um rápido rearranjo intestinal. Por exemplo, em casos de danos ou perda de células intestinais, como em infecções alimentares, onde parte dessas células é destruída, há uma necessidade de uma replicação celular mais rápida. Nesse contexto, pode ser um aminoácido útil para esse processo.”
Quando faria sentido suplementar?
Existem, no entanto, situações em que a glutamina pode ser considerada “condicionalmente essencial”.
Isso significa que, em casos de estresse físico extremo, como queimaduras graves, sepse ou treinos de altíssima intensidade e longa duração, a suplementação pode ser bem-vinda.
Nesses cenários, de acordo com as especialistas consultadas pela BBC News Brasil, a produção natural de glutamina pelo corpo pode não ser suficiente para atender às demandas aumentadas — mas cada caso deve ser avaliado individualmente e por um profissional da área da saúde.
Durante esses períodos de estresse, a glutamina pode ser utilizada como substrato energético, sendo convertida em glicose (um tipo de açúcar utilizado pelo corpo para gerar energia) por meio da gluconeogênese (processo de produção de glicose a partir de fontes não carboidratas).
Isso ocorre quando os estoques de carboidratos já estão esgotados e o corpo precisa buscar outras fontes para manter a produção de energia, especialmente para células do sistema imunológico e outros tecidos vitais.
Mas para atletas de alto rendimento, explica Engel, o ideal é seguir uma dieta que evite déficits de glutamina.
“Atletas, por exemplo, que consomem quantidades suficientes de carboidratos, proteínas e gorduras ao longo do dia conseguem evitar quedas significativas nos níveis de glutamina, mesmo durante treinos intensos. Isso reforça que uma dieta bem planejada pode suprir as demandas sem a necessidade de suplementação.”
Uso de glutamina para outros fins
Quanto ao uso da glutamina em outros contextos de saúde, como no tratamento de diabetes ou na melhora do intestino como um todo, Engel aponta que existem diversos estudos e hipóteses, mas ainda nenhuma conclusão que justifique o uso do suplemento como uma solução terapêutica nessas situações.
“Esse suplemento já teve mais apelo no passado, mas, atualmente, parece que as pessoas começaram a perceber que ele não é tão essencial. No entanto, ainda há grupos que o utilizam, especialmente aqueles que focam na saúde intestinal. O que importa para a saúde intestinal é a qualidade geral da alimentação, e não a suplementação isolada.”
Fonte: TNH1