Fraude à Cota de Gênero e o Papel das Mulheres na Política de Piaçabuçu: Avanço ou Retrocesso?

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As eleições de 2024 marcaram um momento histórico em Piaçabuçu. Pela primeira vez, quatro mulheres foram eleitas para a Câmara de Vereadores, um feito que reflete o avanço da participação feminina na política local. Porém, enquanto essa conquista merece ser celebrada, uma nova denúncia envolvendo fraude à cota de gênero pelo partido União Brasil lança uma sombra sobre a legitimidade de algumas candidaturas e a integridade do processo eleitoral.

A acusação, formalizada sob o processo nº 0600591-68.2024.6.02.0013, aponta que as candidatas do União Brasil não realizaram ações efetivas de campanha, como eventos de rua ou uso de redes sociais, sugerindo que suas candidaturas foram registradas apenas para cumprir as exigências legais da cota de gênero. Essa prática, caso confirmada, configura fraude conforme a Súmula nº 73 do TSE e atenta diretamente contra a democracia e o esforço coletivo para ampliar a representação das mulheres nos espaços de poder.

O contraste é evidente. Enquanto as vereadoras eleitas demonstraram força, engajamento e legitimidade em suas campanhas, as candidaturas fictícias do União Brasil, se comprovadas, apenas reforçam uma velha prática que enfraquece a representatividade feminina. Não se trata apenas de uma violação técnica das regras eleitorais, mas de uma tentativa de desvirtuar o propósito da cota de gênero, que é garantir que as mulheres tenham voz ativa e real na política.

A conquista inédita de quatro mulheres eleitas em Piaçabuçu deve servir como um marco para inspirar mais inclusão e diversidade no cenário político local. Contudo, casos como esse mostram que ainda há muito a ser feito para assegurar que essas vitórias sejam genuínas e que as regras democráticas sejam respeitadas.

Se as denúncias contra o União Brasil forem confirmadas, a Justiça Eleitoral precisa agir com rigor, punindo os responsáveis e anulando os votos obtidos pela chapa fraudulenta. Esse é o único caminho para proteger o avanço histórico das mulheres e garantir que Piaçabuçu continue avançando em direção a uma política mais justa, plural e representativa.

A sociedade local, por sua vez, deve permanecer vigilante e exigir não apenas mais mulheres na política, mas mulheres que representem, de fato, o compromisso com as causas públicas e a ética na condução do mandato. Piaçabuçu merece isso. O Brasil merece isso.