O resultado de meses de dedicação à arte de representar foi levado pelo grupo de teatro do Artifal Penedo ao XIV Festival de Artes de Goiás, realizado entre os dias 7 e 10 de novembro, na cidade de Itumbiara (GO). Sob a direção do professor Almir Altasi, estudantes encenaram as peças Anjo Negro e O Beijo no Asfalto, ambas de Nelson Rodrigues. As apresentações aconteceram no Teatro do Instituto Federal de Goiás (IFG).

Dias antes, o grupo já havia realizado dois espetáculos de cada peça, no auditório do Ifal Penedo, tendo como público a comunidade interna e familiares do corpo discente. As obras foram escritas, respectivamente, nas décadas de 40 e 60, mas tratam de temas ainda cruciais no contexto social brasileiro: racismo e sexualidade.

No caso de Anjo Negro, que é baseada na problemática racial, a peça chegou a ser censurada e somente foi liberada dois anos depois de escrita. No drama, o personagem principal, Ismael, é um médico inconformado com o fato de ser negro e ter um irmão adotivo branco. Mesmo fazendo parte da elite, ele sofre com a questão racial, e o preconceito faz com que busque sua inserção na sociedade a partir da negação da sua cor. A peça foi dividida em dois atos e envolve violência com morte.

“A encenação segue uma estética mais expressiva, sem perda de energia nos gestos, uso de máscaras que se aproxima de uma estética teatral grega, que representa a origem do teatro. Ao mesmo tempo, as cores das máscaras definem a cor da pele dos personagens”, explica o professor e diretor do espetáculo, acrescentando que o trabalho também envolveu economia na produção do cenário. “Somente usamos o essencial para a montagem e a não poluição visual”.

peça-o-beijo-no-asfalto (2)O Beijo no Asfalto aborda as repercussões sociais de uma situação considerada embaraçosa: um beijo na boca dado a um homem por outro homem na hora de sua morte. No enredo, um repórter sensacionalista e um delegado corrupto fazem do ato um escândalo social, abalando a reputação do personagem Arandir, que diz ter atendido o último pedido de um homem que morria em seus braços, após um atropelamento. “Por ser uma temática que se aproxima do cotidiano, há muitos diálogos rápidos e interrompidos, cenas curtas, o ritmo é mais acelerado e a encenação segue uma estética mais naturalista utilizando-se até mesmo da quarta parede quanto ao posicionamento e interpretação do elenco na cena”, destaca Almir Altasi.

Artifal Teatro – A arte cênica vem sendo trabalhada no campus como ação do programa institucional Artifal desde o ano passado, sob a coordenação do professor Almir. Em 2016, o trabalho resultou na montagem do teatro de bonecos com adaptação do texto A posse do Prefeito, do dramaturgo José Maria Rodrigues. “Também inscrevemos o trabalho no Festival de Goiás e fomos selecionados, mas em novembro do ano passado o cenário era de ocupação estudantil em vários campi da Rede Federal e a atividade foi suspensa”, lembra o docente.

equipe-anjo-negroO grupo levado ao festival este ano possui 27 integrantes entre alunas e alunos, inclusive bolsistas, que vinham se dedicando ao estudo dos textos e aos ensaios desde março. Além do professor Almir Altasi, a equipe viajou acompanhada dos técnicos administrativos Frankleython Pereira e Flávia Seixas. A caravana partiu no ônibus do Ifal no dia 6 e retornou no dia 12 de novembro. Parte da ajuda de custo concedida ao corpo discente foi paga diretamente pela Pró-Reitoria de Extensão (Proex) e a outra pelo próprio Campus Penedo.

Encontro de docentes – Paralelo ao 14º Festival de Artes de Goiás, o Campus Itumbiara do IFG foi sede do II Encontro Nacional de Professores de Artes dos Institutos Federais. O evento aconteceu entre os dias 8 e 10 de novembro com a proposta de discutir temas pertinentes ao ensino de artes nos IFs, compartilhar experiências exitosas e apresentar propostas para fortalecer a representatividade dos docentes da área junto às instâncias superiores da Rede Federal.

Na ocasião, o professor Almir apresentou o trabalho intitulado As linguagens artísticas nos 19 anos de provas do Enem, que posteriormente será publicado nos anais do evento. Ele também esteve presente na primeira edição do encontro, realizada em 2016, em São Paulo. “Assim como no ano passado, na edição 2017 discutimos questões ligadas ao ensino de Arte, das diversas linguagens, a legislação que trata desse ensino, os critérios para escolha dos livros didáticos e alguns equívocos na sua produção, os problemas existentes nos editais de algumas instituições para seleção de professores da área, os projetos que docentes desenvolvem, suas experiências, processos, dificuldades e resultados”, resumiu.